sexta-feira, 29 de abril de 2011

Cientistas Brasileiros alertam: Mata Ciliar precisa ser aumentada

Alana Chocorosqui Fernandes*

Diante de tantas discussões e mudanças envolvendo a reformulação do Novo Código Florestal Brasileiro, toda a comunidade cientifica se animou ao receber o relatório apresentado pela Academia Brasileira de Ciência (ABC) e da Sociedade para o Progresso da Ciência (SBPC), ambas instituições através de um grupo de trabalho, lançaram suas informações sobre o assunto. Dentre os pontos discutidos, nos atemos nesse artigo a comentar o tópico sobre APPs (Áreas de Preservação Permanentes), mais especificamente a um tipo de APPs, as matas ciliares. 
O relatório em principio destaca a importância dessas áreas de proteção, trazendo-as como consenso de pesquisadores, afirmando serem essas áreas insubstituíveis em razão a diversidade, especificidade e serviços ecossistêmicos que atuam. Entre esses serviços destaca a regulação hidrológica, estabilização das encostas, manutenção de populações animais, controle natural de pragas, doenças e espécies exóticas invasoras.
O texto afirma ainda que as regiões ciliares possuem reconhecida importância nos processos de cheias e secas dos rios, na redução da erosão superficial, no condicionamento da qualidade de água, na proteção das margens e redução do assoreamento. Explica ainda que a proteção da mata ciliar propicia uma filtragem dos sedimentos que carreiam ate o rio, melhorando a qualidade da água, reduzindo sua turbidez e aumentando sua pureza.
Diante dessa afirmação, podemos também inferir que com a preservação das vegetações ciliares as comunidades que vivem em torno do rio, e que precisam dele para sua sobrevivência, como e o nosso caso e de mais sete municípios acrianos, a recuperação dessas áreas são de fundamental importância, pois poderão reduzir inclusive os gastos com tratamento de água.
Em Rio Branco, de acordo com jornal1 de circulação, problemas de abastecimento de água vinham comprometendo a distribuição de água, entre os problemas detectados o nível de turbidez da água do rio Acre era um desses. Os valores estava acima do normal, o nível chegou 2.300 PPMs enquanto o aceitável é valor entre 400 e 600 PPMs. “Atualmente está em cerca de 800 PPMs, se aproximando do normal”, informou Eduardo Vieira, Vice - prefeito de Rio Branco. A elevada turbidez causa problemas ao processo de tratamento da água, às vezes, por não alcançar o padrão ideal, a água e descartada e novo processo e iniciado, elevando ainda mais os custos de limpeza da água, e por conseguinte, as cobranças a população.
Essa função dada à mata ciliar tem sua eficiência dependente de alguns fatores como à largura das faixas ciliares e sua conservação. A redução dessa faixa, como e previsto no código florestal, influenciaria sua funcionalidade, reduzindo seus benefícios. Hoje o código florestal prevê uma largura mínima de 30m e as atuais discussões propõem uma redução pela metade, ou seja, 15m, ou ainda pior, a 7,5m.
Não e preciso lembrar as diversas funções realizadas pela mata ciliar já citadas nesse texto e tantas outras existentes, para percebermos que essa redução na largura da mata ciliar gerará perdas não só aos ecossistemas florestais, mais também a toda a população que se relaciona com o rio, no caso do nosso estado, todos nós, já que a água que recebemos em nossas casas provem de rios.


1 Jornal O Rio Branco de 31 de março de 2011. Eduardo Farias recebe vereadores no Saerb. Acesso em: http://www.riobranco.ac.gov.br/v4/index.php?option=com__content&view=article&id=2408:eduardo-vieira-recebe-vereadores-no-saerb&catid=1:noticias&Itemid=68


(*) Alana Chocorosqui Fernandes e acadêmica de Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Acre e bolsista do projeto Ciliar Só Rio Acre.



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Livro Ciliar Só Rio Acre

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