domingo, 19 de novembro de 2017


Madeira é tema da XI Semana Florestal do Acre
* Ecio Rodrigues
Há dezessete anos que os engenheiros florestais formados na Universidade Federal do Acre, Ufac, contribuem, em seu cotidiano profissional, para estabelecer no estado o que se pode chamar de um Cluster Florestal.
Trata-se de organizar a exploração da biodiversidade presente na floresta, com o propósito de elevar sua importância na economia do Acre – até o ponto de desestimular o investimento no desmatamento.
Afinal, a informação científica disponível não deixa dúvida quanto ao potencial da diversidade biológica para propiciar o emprego e a renda que a sociedade demanda: a vocação florestal do Acre, apesar de repudiada pelos políticos, é reconhecida pela ciência.
É nesse contexto que o curso de Engenharia Florestal da Ufac realiza anualmente a “Semana Florestal”, evento dedicado ao fortalecimento da crença de que a estruturação de um Cluster Florestal constitui a principal, talvez única, alternativa para o desenvolvimento do Acre.
Em 2007 teve lugar a 1ª edição da Semana Florestal. Sob o slogan “Biodiversidade: ver a floresta que existe além das árvores”, foram discutidos os impactos da exploração florestal. No ano seguinte, enfrentou-se o problema do gargalo tecnológico (“Desenvolvimento Tecnológico e Alternativas Florestais”) e, em 2009, foi a vez de examinar a tecnologia adequada ao aproveitamento do ecossistema (“Manejo Florestal de Uso Múltiplo”).
A 4ª edição da Semana Florestal (“Reservas Extrativistas: fonte de renda inexplorada”), que aconteceu em 2010, chamou a atenção para o manejo florestal comunitário como principal legado do Acre na política florestal amazônica.
Depois, 5ª, 6ª e 7ª edições abordaram, sucessivamente, o papel das empresas (“Manejo Florestal Empresarial: um mercado promissor e sustentável”); a importância da madeira para a geração de energia (“Biomassa Florestal e Energia Elétrica”); e a disponibilidade de terras destinadas à conservação da floresta (“Unidades de Conservação: passaporte para o futuro”).
A partir de 2014, foram realizadas 3 edições consecutivas consagradas às mudanças no clima. A “Trilogia das Alterações Climáticas” debateu a importância das florestas para o equilíbrio do clima (“Floresta sob um novo Clima”); a relação entre florestas e água (“Floresta e Água: um equilíbrio mútuo”); e, finalmente, o contemporâneo tema do sequestro de carbono (“Quantificando um novo tempo”).
Agora, em 2017, a XI Semana Florestal vai se debruçar sobre o mais importante produto florestal na atualidade: a madeira.
Existe um número limitado de matérias-primas que são utilizadas em praticamente todos os produtos consumidos pela humanidade; e desde a revolução trazida pelo petróleo, esse conjunto de matérias-primas ficou ainda mais concentrado.
É provável que ninguém, em nenhuma parte do mundo, passe um dia sequer sem fazer uso ou manter contato com artefatos colocados à disposição do homem graças ao petróleo e a metais como ferro, alumínio e aço.
 Nesse seleto grupo de matérias-primas que estão presentes em quase tudo o que consumimos também se inclui a madeira. Com uma particularidade, porém.
Ocorre que a produção e o emprego da madeira contribuem para a sustentabilidade e, por conseguinte, para o futuro do planeta.
Você não se pode falar o mesmo do petróleo, aço, ferro...
De 11 a 15 de dezembro de 2017, na Ufac. Todos lá! 

*Professor Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista em Manejo Florestal e mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná, e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.



terça-feira, 14 de novembro de 2017


Acre bate novo recorde de queimadas, superando 2016
* Ecio Rodrigues
Os ambientalistas que não gostam do governo atual porque eram amigos do anterior andam dizendo que o Brasil vai ser duramente questionado na COP 23, conferência da ONU sobre mudanças climáticas realizada na Alemanha, em função da pequena redução observada no desmatamento da Amazônia em 2017.
Veja bem, a insatisfação dos ativistas ambientais não decorre de majoração nos índices de desmatamento – como aconteceu em 2016, por exemplo –, mas do fato de que consideram muito pequeno o decréscimo (em torno de 19%) evidenciado na taxa medida em 2017 e anunciada no início deste mês.
 Ao que parece, as cobranças feitas aos gestores ambientais são bem maiores agora do que eram antes.  
Mas, por falar em cobrança, o que têm a dizer os ambientalistas a respeito dos dois recordes consecutivos de queimadas estabelecidos no Acre em 2016 e 2017?
Para entender. Excetuando-se 2005 (por conta do trágico incêndio que destruiu mais de 200.000 hectares de florestas), desde 1988, quando se iniciaram as medições, não se queimava tanto no território estadual como nos últimos dois anos.
Importante destacar que o recorde de 2017 foi registrado no início de novembro, ou seja, faltando ainda quase 60 dias para o término do ano.
          Aos que preferem conferir os números: em todo o ano de 2016 aconteceram 6.987 queimadas no Acre (esse total já foi recorde); até 06 de novembro de 2017, a quantidade de queimadas alcançou a inacreditável cifra de 7.031 focos, como demonstra o Programa de Monitoramento de Queimadas do conceituado Inpe.
Por outro lado, em outubro de 2017 foram detectadas 1.508 pontos de queimadas, o que representa recorde absoluto para esse mês desde 1988 – nesse caso, mesmo incluindo os incêndios florestais de 2005.
O inédito pico em outubro aponta uma nova dinâmica no contexto da produção agrícola do Acre. Desnecessário mencionar os riscos trazidos pela introdução de um ciclo diferenciado para a nefasta prática da queimada.
Alguns podem alegar, ingênua e defensivamente, que, na Amazônia, os fenômenos climáticos (cujas causas, aliás, incluem o desmatamento e as queimadas) tornaram o verão mais longo e o inverno mais curto – ou o contrário, não importa.
O fato a ser considerado é que o produtor adota a queimada como opção de investimento; em primeiro lugar, porque é permitido pela legislação (mesmo que pareça absurdo); e, em segundo, porque essa prática goza da tolerância dos gestores públicos, sempre preocupados com a próxima eleição.
Não havendo argumento contrário à constatação fartamente comprovada de que a motivação do produtor para queimar tem origem na política do governo direcionada para a ampliação da agropecuária (bem mais pecuária que agro), e no sentido de favorecer a pequena propriedade rural no Acre, restaria arguir sobre as razões para se queimar tanto em outubro.
Perguntas inconvenientes não devem ser feitas em época de eleição. Com a antecipação do calendário eleitoral e uma ruma de pré-candidatos fazendo campanha à luz do dia, melhor se fazer de morto, como dizem os produtores.
Sem resolver os entraves do desmatamento e da queimada, o Acre vai permanecer sem rumo. Como era nas décadas de 1990 e de 2000, e como continuará em 2020.

*Professor Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista em Manejo Florestal e mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná, e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre promove semana acadêmica. 

Confira folder de divulgação:


terça-feira, 7 de novembro de 2017

Na COP 23, ONU alerta: aquecimento do planeta é catastrófico
* Ecio Rodrigues
Quando um total 195 países, ou seja, o mundo inteiro, assinou o Acordo de Paris, durante a Conferência do Clima em 2015 (COP 21), ficou convencionado que o ano de 2030 seria referência para a realização de novos cálculos e a assinatura de novo pacto em torno da mitigação do aquecimento do planeta.
Agora, por ocasião da realização da COP 23, vigésima terceira conferência sobre o clima (desde a Rio 92), cujas discussões presenciais acontecem em Bonn, na Alemanha, entre os dias 06 e 17 deste mês, o relatório de monitoramento do clima, publicado pela ONU, faz um dramática advertência: a temperatura da Terra vai atingir níveis catastróficos antes de 2030.
Para explicar melhor as implicações dessa constatação. Uma das inovações introduzidas no complexo processo de negociação que levou ao Acordo de Paris (e que, por sinal, possibilitou o êxito desse pacto) foi a chamada “Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada”, ou INDC, na sigla em inglês.
Por meio da INDC, cada país se comprometeu a executar um conjunto de medidas, destinadas a evitar a ampliação do aquecimento global, tendo por referência o ano de 2030.
Assim, quando a soma de todas as INDCs se mostrasse suficiente para atingir a meta de redução da temperatura mundial, o pacto poderia ser selado, evitando discussões intermináveis quanto à responsabilidade de cada país em relação ao carbono que já se encontra na atmosfera.
No caso brasileiro, de maneira acertada, a INDC deu ênfase à geração de energia por meio da força das águas, bem como ao combate ao desmatamento na maior floresta tropical do mundo, a Amazônia.
O Brasil prometeu construir mais hidrelétricas de grande porte – que, somadas às 130 usinas que já se encontram em operação, vão elevar para mais de 80% a participação da hidroeletricidade na matriz elétrica nacional.
De outra banda, os brasileiros também se comprometeram a zerar o desmatamento na Amazônia (ainda que apenas o ilegal) e a conduzir o reflorestamento de mais de 30 milhões de hectares de florestas especiais – como as presentes na mata ciliar dos rios.
Enfim, a estratégia da INDC deu resultado, e o Acordo de Paris se tornou um grande sucesso da diplomacia internacional, representando um passo significativo em direção à sustentabilidade do planeta. Até aí, tudo bem.
Ocorre que, embora a imensa maioria dos países esteja honrando os compromissos assumidos, a Organização Meteorológica Mundial alertou que a concentração de carbono na atmosfera bateu recorde em 2017.
Significa dizer que a INDC ajustada por cada país não será suficiente para chegar à meta de redução da temperatura até 2030. Adicione-se ainda a disposição dos Estados Unidos de abandonar o Acordo de Paris e promover a ampliação da geração de energia elétrica mediante a queima de carvão mineral.
O alerta da ONU tem endereço certo. Os países devem antecipar o cumprimento de suas INDCs, não sendo mais possível esperar até 2030; os americanos, por seu turno, devem permanecer no Acordo de Paris e esquecer de vez o carvão.
No que diz respeito ao Brasil, o recado pode ser considerado igualmente explícito: a tolerância zero para com o desmatamento na Amazônia, tanto o ilegal quanto o legalizado, deve ser assumida até 2020.


*Professor Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista em Manejo Florestal e mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná, e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.


Livro Ciliar Só Rio Acre

Livro Ciliar Só Rio Acre