quarta-feira, 28 de novembro de 2012



I TecFlorestal 




A união de esforços entre a Fundação de Tecnologia do Estado do Acre, Funtac, e a Engenharia Florestal da Ufac, permitiu conceber e executar o Primeiro Encontro de Tecnologia Florestal do Acre, denominado de TecFlorestal I.

Os encontros de Tecnologia Florestal irão ocorrer a cada dois anos, sempre na primeira semana letiva do segundo semestre acadêmico da Ufac, enfocando temas relacionados ao setor florestal e aos gargalos tecnológicos que emperram sua consolidação, como principal componente da economia no Acre e na Amazônia.


Com envolvimento intenso dos mais de 500 alunos do curso de Engenharia Florestal e a participação efetiva do pesquisadores da Funtac, os organizadores esperam poder apresentar aos interessados no setor florestal, o que existe de atual na geração de inovações tecnológicas que podem fazer com que a exploração florestal, tanto de madeira quanto a de outros produtos florestais, se realize de maneira a trazer maiores retornos sociais, melhoria da dinâmica econômica e, o mais importante, que essa produção florestal respeite os ideais de sustentabilidade atualmente preconizados no mundo.


Com o legado de quem trouxe inovações tecnológicas expressivas para a atividade florestal na Amazônia, como o advento da Reservas Extrativistas, o Manejo Florestal Comunitário de Madeira e o Manejo Florestal de Uso Múltiplo, os profissionais que atuam com ciência florestal no Acre vão poder discutir a importância da geração de tecnologia para a garantia do futuro do ecossistema florestal na região.


De 04 a 07 de dezembro de 2012, na Ufac.
Imperdível!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Democracia americana e a hora no Acre
* Ecio Rodrigues
É difícil para a sociedade brasileira entender a democracia americana. Sempre que acontecem eleições nos Estados Unidos, como a imprensa nacional não consegue explicar os mecanismos adotados naquele país, fica a sensação de que o processo não seria plenamente democrático, em face da existência de um colégio eleitoral.
Nesse último pleito, que levou Barack Obama ao segundo mandato, os comentaristas chegaram mesmo a insinuar (com um gostinho de superioridade democrática tupiniquim) que os resultados da eleição poderiam levar ao questionamento do sistema eleitoral; é que, como a votação seria apertada, haveria o risco de o candidato mais votado pelo povo perder no colégio eleitoral – da mesma forma que ocorreu em 2000, quando Al Gore perdeu a presidência para George W. Bush.
Ora, em primeiro lugar, estamos falando de um sistema eleitoral instituído no século XVIII pelos chamados “Patriarcas Americanos”, os fundadores da maior e mais conceituada democracia do planeta. São regras que existem há mais de 200 anos e que resistiram a uma guerra civil sangrenta. Não existe possibilidade de serem revistas. Para os americanos, mais importante que as regras é a permanência delas – o que consolida as tradições e, em última instância, o sistema democrático. Por isso eles têm, desde sempre, uma única constituição.
Em segundo lugar, não é porque existe um colégio eleitoral que a democracia não se realiza de forma cabal. O presidente é, sim, eleito pelo voto popular – sem falar em todo o processo anterior às eleições propriamente ditas (as chamadas “primárias”). Contudo, a fim de se resguardar o federalismo conquistado a tão duras penas, elaborou- -se um mecanismo que também valoriza os estados. Assim, o partido que vence as eleições num determinado estado indica os representantes desse estado no colégio eleitoral, em número proporcional ao peso daquele eleitorado no conjunto nacional.
A um estado como Montana, por exemplo, cujo eleitorado corresponde a menos de um por cento do eleitorado nacional, cabe indicar três eleitores (o mínimo) para o colégio eleitoral; o partido que vence as eleições em Montana, mesmo que seja por um voto de diferença, tem direito a indicar todos os três delegados.
Em face do peso que é conferido aos pequenos estados para reduzir o impacto decorrente da diferença demográfica frente aos grandes estados, pode acontecer de um candidato obter (em números absolutos) mais votos populares e, a despeito disso, não ser eleger no colégio eleitoral. Sem embargo, trata-se de evento raríssimo, que só aconteceu quatro vezes em toda a história americana, e em eleições apertadíssimas. Nesses casos, os estados definiram quem seria o presidente.      
O absoluto respeito à vontade popular é o princípio em que se assenta a democracia americana. Cada estado federativo inclui na cédula eleitoral um conjunto de questões a serem deliberadas pela população, que vão de algo singelo, como a construção de uma ponte, a matérias complexas (e controversas), como a liberação da maconha e o casamento de pessoas do mesmo sexo. No frigir dos ovos, a escolha do presidente é só mais um assunto (importante, obviamente) a ser decidido pelo povo.
Essa inserção, no processo eleitoral, de consultas populares, sob a dimensão alcançada pelos americanos, é algo único no mundo. Como também o é a determinação de se mover todas as forças para que essas decisões sejam cumpridas.
E é aqui que chegamos ao horário do Acre. Difícil imaginar (no âmbito de nações democráticas, obviamente) algo tão agressivo à democracia, quanto o fato de a população de um estado aprovar nas urnas um referendo decidindo o seu fuso horário, e a decisão do povo ser desrespeitada de forma tão acintosa.
Como se fosse um conluio, o governo, a imprensa, a Ordem dos Advogados, o Ministério Público, as organizações da sociedade – todos, em suma, desdenham da democracia.

 * Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).

segunda-feira, 12 de novembro de 2012


Expedição analisa importância de Estação Ecológica para o rio Acre
* Ecio Rodrigues
Um grupo de 14 pesquisadores oriundos da Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre irá subir o rio Acre, até próximo à nascente, na fronteira com o Peru. A expedição, organizada por meio de uma inédita parceria com o ICMBio, integra as atividades de um trabalho que, sob o apoio do CNPq, estuda a interação entre água e floresta na Amazônia.
O principal desígnio da expedição, que terá uma segunda fase na época da cheia (em meados de abril de 2013), é a coleta de informações para subsidiar o manejo da Estação Ecológica do Rio Acre; por sua vez, o manejo poderá ser direcionado para a melhoria da quantidade e da qualidade da água que corre no rio Acre.
Trata-se, a estação ecológica, de uma categoria de unidade de conservação, inserida no grupo de proteção integral, de acordo com a definição da lei que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc); nas unidades de proteção integral, além da realização de pesquisas, só são permitidas algumas atividades com fins recreativos.
O que motiva a equipe de pesquisadores é justamente a possibilidade de introduzir, nas atividades da Estação Ecológica do Rio Acre, o serviço ambiental que a floresta pode prestar, de produção e purificação da água. Para se chegar a uma primeira avaliação sobre a importância da porção florestal ali presente para a manutenção do equilíbrio hidrológico do rio, um rol de 08 projetos de pesquisa foi engendrado.
Todos os estudos serão realizados na área de influência da mata ciliar, representada por uma faixa de 2 km de largura, paralela ao traçado do rio, em cada margem, no perímetro da área da Estação Ecológica. Nessa formação florestal serão medidas, por exemplo, unidades amostrais de Inventário Florestal, a fim de se chegar às 20 espécies de maior Índice de Valor de Importância (ou IVI-Mata Ciliar); essas espécies poderão ser empregadas em futuros projetos de restauração florestal.
A contribuição da biomassa presente na mata ciliar (originária das árvores, das palmeiras e da serapilheira) será analisada por estudos específicos, que possibilitarão calcular-se a quantidade de carbono retida nessa biomassa; da mesma forma, também será objeto de estudo o solo da beira do rio, que fornece sustentação para a mata ciliar.
Uma vez que no tratamento da água que chega à população urbana, a purificação representa o maior item de custo, um dos projetos de pesquisa irá se deter na análise da turbidez da água no interior da Estação Ecológica, a fim de detectar-se a influência da floresta sobre a pureza do recurso hídrico.
Por outro lado, como a quantidade de água que chega aos oito municípios localizados à jusante da Estação Ecológica é influenciada pelas características observadas na região da cabeceira do rio, também será quantificada a vazão apresentada pelo rio Acre na área abrangida por essa unidade de conservação.
O pioneirismo dessa série de estudos reside no fato de que, embora haja farta comprovação científica acerca da relação existente entre a quantidade e qualidade da floresta presente na mata ciliar e a quantidade e qualidade da água que corre no rio, essa interação entre água e floresta ainda precisa ser esmiuçada.
Mediante o detalhamento e especificação dessa interação, ou seja, mediante o cálculo de cada item de custo que envolve o serviço ambiental prestado pela floresta, de produção e purificação da água, será possível estabelecerem-se parâmetros para a precificação desse serviço.
Quando houver: (a) um preço a ser pago; (b) um pagador que se beneficia com a qualidade da água (as operadoras do sistema de abastecimento); e (c) um prestador desse serviço (que detém a área de floresta), haverá um mercado consolidado.
E chegar-se à concretização desse mercado – no qual o produtor que possui e mantém florestas recebe pela produção e purificação da água – é o que se espera de um futuro cada vez mais próximo. 

 * Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).
                  

Livro Ciliar Só Rio Acre

Livro Ciliar Só Rio Acre