Restauração Florestal de Mata Ciliar com espécies nativas
Érica Lima*
Há um consenso técnico e científico de que as florestas têm extrema importância para o equilíbrio ambiental e ecológico do planeta, no entanto, desconsiderando os preceitos científicos, nas ultimas décadas pode-se observar elevadas taxas de desmatamento, ocasionando destruição das mesmas.
Dentre os tipos de formações florestais ameaçadas pelo desmatamento, as matas ciliares é uma das mais importantes para preservação dos cursos d’água, pois, funciona como um obstáculo contra o assoreamento dos rios, retendo detritos da enxurrada e a terra das margens para que não ocorram desbarrancamentos.
Em centros urbanos cortados por rios, a mata ciliar pode evitar enchentes e prejuízos atuando como barreira impeditiva que grande quantidade de água caia em pouco tempo no leito, principalmente depois de fortes chuvas que estão cada vez mais freqüentes em tempos de mudanças climáticas.
As matas ciliares exercem papel de interação entre todos os componentes do meio, sendo parte fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas. Neste sentido, um dos principais fatos é que funcionam como corredores para o movimento da fauna ao longo da paisagem, contribuindo indubitavelmente para a dispersão das formas de vida animal e vegetal.
No Acre essa formação florestal não escapou da destruição, e ainda sofre grande ameaça devido à expansão da fronteira agrícola e, principalmente, pecuária. Um exemplo claro dessa degradação pode ser observada na mata ciliar do rio acre, que por sua vez é um dos mais importantes mananciais de água potável para a maioria da população.
Diante da preocupação com o futuro da mata ciliar dos vários rios brasileiros e, no caos acreano, do Rio Acre, principalmente aquelas existentes nos municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapurí, Capixaba, Senador Guiomard, Porto Acre e Rio Branco, o Conama aprovou a Resolução nº 429, de 28 de fevereiro de 2011, que disciplina projetos de restauração florestal para mata ciliar degradada.
Nesse sentido o Projeto Ciliar Só-Rio Acre definiu espécies florestais nativas dessa formação florestal que podem ser utilizadas, indubitavelmente, para restauração e/ou recuperação da mata ciliar que compõe a parte degradada da Bacia hidrográfica do Rio Acre.
Para se chegar às espécies florestais nativas correntes na mata ciliar da Bacia do Rio Acre, o projeto realizou inventário florestal que definiu a estrutura florestal desse espaço. O resultado do estudo fundamenta a indicação das espécies florestais apropriadas que podem ser utilizadas para recuperar as áreas degradadas da mata ciliar.
A nova Resolução Conama nº 429/2011, reforça a iniciativa, pois, em seu capitulo III, art. 3, deixa claro que a recuperação de áreas de preservação permanentes (APP), no caso mata ciliar, poderá acontecer tanto por meio da regeneração natural das espécies nativas, como por plantio dessas espécies na área, ou ainda pela conjugação das duas práticas, ou seja, plantio menos adensado onde ocorrerá a regeneração natural.
Diante do exposto é evidente a importância da recuperação de mata ciliar com espécies florestais nativas. No contexto, vale salientar que o Projeto Ciliar Só-Rio Acre cumpre esse princípio, apresentando uma lista de 20 espécies nativas, por município cortado pelo Rio Acre, que se destacam como mais importantes na estrutura horizontal da floresta da mata ciliar do rio.
*Érica Lima, estudante do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre.
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