Por que manter a mata ciliar?
Alana Chocorosqui Fernandes (*)
Existem muitas discussões a cerca do tema mata ciliar, mas todas no final convertem a afirmações relevantes para a proteção dos recursos hídricos, podemos estender esta relevância para as populações, solo, e florestas. Pereira (1950), de modo comparativo apresenta a importância da mata ciliar:
"Sua conservação não é apenas por interesse público, mas por interesse direto e imediato do próprio dono. Assim como ninguém escava o terreno dos alicerces de sua casa, pois poderá comprometer a segurança da mesma, do mesmo modo ninguém arranca as árvores das nascentes, das margens dos rios, nas encostas das montanhas ao longo das estradas, porque poderá vir a ficar sem água, sujeito a inundações, sem vias de comunicação, pelas barreiras e outros males conhecidamente resultantes de sua insensatez. As árvores nesses lugares estão para as respectivas terras como o vestuário está para o corpo humano. Proibindo a devastação, o Estado nada mais faz do que auxiliar o próprio particular a bem administrar os seus bens individuais, abrindo-lhe os olhos contra os danos que poderia inadvertidamente cometer contra si mesmo.” (Direito Florestal Brasileiro, pg. 210).
Essa vegetação ciliar ao curso d’água permite sua proteção de fenômenos como erosão, desbarrancamento, assoreamento, degradação pela exposição, dentre outras, sendo de fundamental interesse de todos, seja populações ou poder público, sua permanência.
Essa agressão implica em uma alteração na dinâmica do rio, que passará a reagir. Quando isso ocorre, observamos fenômenos já freqüentes em nossos municípios, como as enchentes, bancos de areia dentro dos rios, redução da fauna aquática, afastamento da fauna terrestre, redução da navegabilidade dos rios, redução da qualidade da água, e outros.
Tais prejuízos não afetam apenas a população ribeirinha, mais também as cidades e, por conseguinte, o poder público, que terá que reverter maior investimento para a remedição dos problemas, que antes poderia ser prevenido de maneira mais econômica.
Manter uma área florestada, ou recuperá-la com mudas de espécies nativas, acaba sendo muito mais barato do que enfrentar problemas de abastecimento de água, retirar populações de áreas de risco, investir em transporte rodoviário ou propiciar morada e alimento a famílias desabrigadas.
Além do que, uma área florestada com espécies nativas frutíferas podem ser usadas na alimentação dos ribeirinhos, bem como servir de renda para muitas famílias. Em um futuro não tão distante, poderá gerar renda através do mercado de carbono, além do uso de óleos, cascas, e demais produtos florestais não madeireiros. Projetos e áreas como estas, podem propiciar lazer e visitação as comunidades, que poderão apresentar em seu município o modelo de preservação de mata ciliar.
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