Em 2018, política
ambiental avança e aproxima Amazônia da sustentabilidade
* Ecio Rodrigues
Desde
as mudanças ocorridas no governo federal em 2016, que ambientalistas amigos do governo
anterior denunciam, com apoio irrestrito de jornalistas desinformados, um
suposto retrocesso na política nacional de meio ambiente.
Com
forte capacidade de articulação, capaz inclusive de influenciar o meio
científico brasileiro, o movimento ambientalista sustenta a tese do retrocesso em
3 premissas: uma claramente falsa, outra sem comprovação e a última carente de lógica.
Por
sinal, o artigo publicado em conceituada revista científica internacional por
reconhecidos estudiosos brasileiros, sob o sofrível título: A ameaça da barganha política para a
mitigação climática no Brasil, assume e reforça as equivocadas premissas do
retrocesso da política ambiental nacional.
A
primeira premissa, claramente falsa, sugere que o governo federal, no propósito
de evitar a cassação do presidente em decorrência de denúncias pouco fundamentadas,
teria barganhado com os deputados federais oferecendo em troca flexibilização de
regras ambientais.
Ingenuidade
supor que as exigências ambientais que afligem o produtor se encontrem no nível
de negociação política que permita trocar a salvação de um mandato
presidencial. Óbvio que por meio de alterações em portarias e instrução
normativa de ministérios não se faz barganha política para salvar a presidência
da república.
Considerar
que a regularização fundiária nos moldes operados pelo governo federal, que
somente em 2017 titulou, ou melhor regularizou, o equivalente a soma dos dez
anos anteriores (26.000 e 2.600 títulos anuais respectivamente), proporciona combustível
para acelerar o desmatamento se configura em mera especulação.
Ocorre
que sob o manto do fundamentalismo ideológico do que se costuma chamar de
“grilagem de terra” (outra insanidade repetida às tantas a despeito de não
existir nenhuma estatística probatória) os ambientalistas assumiram existir uma
relação de proporcionalidade direta entre titulação e desmatamento.
Por
esse entendimento torto, quanto mais terras sem dono sendo tituladas mais áreas
de florestas seriam desmatadas. Algo inusitado, uma vez que a titulação
responsabiliza o novo proprietário frente as infrações ambientais e fiscais.
Fácil
supor que para aqueles pouquíssimos produtores (menos de 2% dos titulados
provavelmente) que por ventura prefiram usar terras sem domínio para desmatar e
criar gado, melhor seria se manter no anonimato e não ter que assumir as
responsabilidades de proprietário. Para esses a titulação é péssimo negócio.
Finalmente,
a falta de lógica se refere à redução das exigências para licenciamento
ambiental de obras de infraestrutura em especial a pavimentação de rodovias e
construção de hidrelétricas.
Sabe-se
lá por quais razões, porém com total ausência de bom senso os ambientalistas e
estudiosos acreditam que quanto maior as exigências para licenciar uma
hidrelétrica menor será o desmatamento decorrente de sua construção.
Esquecem
eles que desmatar é investir. O produtor deve tomar uma decisão econômica com
base em custos de oportunidade. Lógico que se a obra e o funcionamento da
hidrelétrica alimentar a economia local também vai ampliar o desmatamento.
Titular
as terras sem dono na Amazônia, como demostrado em farta literatura, é a
solução para planejar a ocupação produtiva da Amazônia e, com sorte, promover a
exploração da biodiversidade nos moldes do aglomerado industrial Cluster
Florestal.
Nesse
ponto, a regulamentação do Fundo de Compensação Ambiental em 2018, que será
abastecido com dinheiro do licenciamento das obras de pavimentação e
hidrelétricas, surge como fonte imprescindível.
A
partir de 2019, a sustentabilidade em uma Amazônia titulada e com segurança
jurídica contará com recursos prioritários para seu financiamento. É esperar
para ver!
*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista
em Manejo Florestal e mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do
Paraná, e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de
Brasília.
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