tag:blogger.com,1999:blog-28255608152336605602024-03-13T10:33:10.969-07:00Ciliar Só Rio Acre Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.comBlogger438125tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-59929480944392685272023-12-28T03:44:00.000-08:002023-12-28T03:44:43.461-08:00Na COP28 desmatamento zero foi prioridade<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Antes de
iniciar qualquer discussão jamais esqueça que a seca e alagação na Amazônia,
eventos extremos que passaram a ocorrer em intervalos de tempo menores, são
consequências do desmatamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Foi a
partir do corte raso de grandes áreas de floresta, com pico na década de 1970,
mas que se manteve todos os anos com recordes perigosos em 1995 e 2004, que
fenômenos climáticos como El Niño potencializaram os efeitos do desmatamento
transformando estiagem e cheias nas tragédias da seca e alagação,
respectivamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Resumindo,
esticar a corda no sentido de endurecer as regras, aumentar o investimento no
sistema de comando e controle para alcançar o desmatamento zero, legalizado ou
não, da Amazônia até 2030 deveria ser prioridade para os políticos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Na COP
28, que aconteceu em Dubai, a expectativa dos brasileiros foi que, sem poder
contar com iniciativas promissoras nos nove governos estaduais, o Ministério do
Meio Ambiente assumisse as rédeas e a responsabilidade pelo desmatamento zero
na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">De nada
adiantaria repetir o discurso, cansativo diga-se, de que há um custo para
implantar as políticas para o desmatamento zero e que esse dinheiro deveria vir
dos países ricos que produziram, em suas indústrias, a maior parte do carbono
que se encontra na atmosfera.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Ninguém
discorda dessa ladainha e o dinheiro da cooperação internacional tem, em
quantidade que por óbvio pode ser aumentada, abastecido o Fundo Amazônia, sobretudo
após os quatro anos de incompetência do governo que se foi em 2022.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Da mesma
forma que cansou a equivocada e repetida justificativa sobre uma pobreza
crônica do produtor rural na Amazônia, tema há muito superado pelos programas
sociais, que se não desmatar para criar gado poderá até morrer de fome. Ninguém
pode, atualmente, achar que isso é possível.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Observadores
internacionais e o movimento ambientalista de modo geral externam descrença
sobre a possiblidade de conquistas para as políticas internacionais sobre
transição na geração de energia, de maneira a substituir o petróleo pela força
do sol, do vento e da água.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Acreditam
eles, que a poderosa, Petrobras incluída, indústria do petróleo e do gás reforçou
sua atuação aproveitando que o país anfitrião, os Emirados Árabes Unidos, faz
parte do seleto grupo dos dez maiores produtores de petróleo do mundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Nada mais
compreensível e seria ingênuo imaginar que a redução da produção de petróleo
pela OPEP apareceria em algum documento oficial no final das negociações
realizadas durante a COP28.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Porém,
tudo foi bem diferente com relação à proteção das florestas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Afinal,
os países produtores de petróleo também defendem o desmatamento zero da
Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Engenheiro
Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-59775774192190688192023-11-06T06:10:00.003-08:002023-11-06T06:10:21.897-08:00Fim do Florestania no Acre: Gestores e técnicos despreparados <p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Embora
se reconheça a dificuldade do governo para selecionar e contratar profissionais
experientes em projetos de desenvolvimento para o Acre, os líderes políticos do
Projeto Florestania não demonstraram estatura para compreender e, o melhor, tentar
vencer a empreitada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Segundo
a teoria do Triangulo de Governo, elaborada pelo economista chileno Carlos
Matus na década de 1970, os gestores e técnicos compõem a Capacidade de Governo
que em conjunto com o Projeto de Governo e a Governabilidade formam o tripé de
sustentação de um mandato.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">No
caso do fracasso do Projeto Florestania, analisado aqui e em outros artigos
semelhantes publicados nesse espaço, a reduzida quantidade e qualificação dos
gestores e equipe técnica comprometeu a Capacidade de Governo direcionada para
criar as condições propícias ao progresso econômico.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Resumindo,
o complexo desafio da transformação produtiva em direção ao aproveitamento do
potencial representado pela biodiversidade florestal se mostrou grande demais
para o número e a experiência acumulada pelos especialistas disponíveis na
estrutura de governo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Como
afirmam os produtores criar boi é fácil, agora manejar a floresta é muito complicado.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Aqueles
que estão familiarizados com a realidade rural amazônica e sobretudo no Acre
devem concordar que tirar a produção rural de mais de 40 anos de atraso
tecnológico com a criação de boi e plantio de arroz, feijão, milho e macaxeira,
não é tarefa das mais simples.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Empreitada,
contudo, piorada em demasia quando a alternativa ao primitivo modelo de corte-e-queima,
única diga-se, reside na<span style="color: red;"> </span>exploração de um rol de
produtos que existem na biodiversidade, mas que, devido a muitas razões, apresentam
uma insuperável falha de mercado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ao
mesmo tempo em que possui reconhecido valor econômico estratégico, para o
futuro, a biodiversidade florestal não consegue ser comercializada com preço
atrativo hoje, no presente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Alguns
produtos mais outros menos, porém a falha de mercado é uma realidade que
persiste desde o final do século passado e somente poderá ser superada com
ajuda incondicional e permanente de uma política pública que resista ao tempo.
Pelos próximos 20 anos, por exemplo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Para
contextualizar pode-se afirmar que em uma métrica de sustentabilidade as
diversas alternativas produtivas para ocupação do solo no Acre variam do menor
nível e elevado risco ecológico, representado pelo desmatamento para plantio de
capim, até o de maior sustentabilidade e risco zero representado pela Estação
Ecológica do rio Acre, onde é proibido mexer na floresta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em
outras palavras, assumindo que não há menor chance de convivência dos dois
modelos funcionar em um solo com e sem desmatamento ao mesmo tempo, a economia
no setor primário acreano se concentra em dois grandes grupos: exploração
técnica e comercial da biodiversidade florestal <i style="mso-bidi-font-style: normal;">versus</i> destruição da biodiversidade florestal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Dominar,
compreender e concordar com essa máxima deveria ser uma condição para os
especialistas entrarem na equipe responsável pela execução do Projeto
Florestania. Mas, infelizmente, não foi nada disso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Lançando
mão do exemplo mais evidente e de simples constatação, tanto a política
florestal iniciada em 2001 quanto o Sistema Estadual de Áreas Naturais
Protegidas, considerados pilares para a saída econômica pela floresta,
requeriam gestores com perfil para conseguir ampliar a pequena participação da
biodiversidade florestal no PIB acreano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Finalmente,
experiências de gestão pública bem-sucedidas demonstram que a competência para
gerenciar e o domínio de especialidades em áreas prioritárias ao Projeto de
Governo, são condições essenciais para evitar o colapso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mesmo
que num primeiro momento o Projeto Florestania reuniu uma equipe promissora, os
resultados mostram que no andar da carroça o profissional ou gestor ideal cedeu
o lugar para o assessor pessoal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Sempre
fiel e muito preocupado com a próxima eleição o assessor resguardava o futuro
do político, sem se importar com o futuro do Projeto Florestania. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mas
isso é outro artigo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-57443106947976258662023-09-19T05:28:00.003-07:002023-09-19T05:28:46.837-07:00Especialistas do Banco Mundial afirmam que crédito para pecuária extensiva incentiva desmatamento na Amazônia<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Com o instigante título “Equilíbrio Delicado para a
Amazônia Legal Brasileira: Um Memorando Econômico”, documento publicado pelo
Banco Mundial, em 2023, sob a responsabilidade editorial do economista sênior
Marek Hanusch, defende deslocar a outros setores o crédito público investido na
pecuária extensiva na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Colocando ênfase na máxima de que o desenvolvimento
da Amazônia depende do desmatamento zero, os economistas analisaram as
estatísticas sobre os benefícios trazidos pelo crédito rural subsidiado (gerido
pelo Basa e oriundos do FNO, Plano Safra e Pronaf) para a economia regional e o
impacto na taxa anual de desmatamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A conclusão não poderia ser diferente do que tem
sido reiterado em vários artigos publicados nesse espaço.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A fartura de capital anualmente emprestado ao
pequeno e grande produtor a juros reduzidos amplia a competitividade da
principal atividade responsável pela substituição da cobertura florestal, a
pecuária extensiva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Com clareza e objetividade incomum os economistas
afirmam: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Nos estados da Amazônia Legal com grande cobertura
florestal remanescente, o principal programa de crédito rural, o Plano Safra,
tende a apoiar a pecuária, a qual está fortemente associada ao desmatamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A suspensão do crédito para pecuária, que por um período
de cinco anos poderia ser aplicado em atividades realizadas em área urbana com
maior produtividade, traria uma redução drástica e rápida no desmatamento da
Amazônia, mas essa alternativa sequer tem sido discutida por aqui.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">E, na ausência de vontade política para o debate
raramente aqueles que possuem simpatia pela saída econômica com o boi solto no
pasto, se expõem em público pela, inevitável diga-se, defesa do desmatamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Diante do óbvio científico de que não se cria boi
embaixo da floresta a discussão descamba para o contraditório apoio à pecuária
extensiva e ao combate do desmatamento ilegal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Insistindo na tosca ideia de que desmatamento
legalizado difere do ilegal, como se o primeiro mantivesse as árvores e o
segundo não, a caça aos produtores ilegais, aqueles que desmatam além do
permitido pelo Código Florestal, consegue reunir imprensa, ambientalistas e,
claro, os pecuaristas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Todos no esforço de esquecer o impacto ecológico da
pecuária extensiva, legalizada ou não, onde antes havia floresta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Finalmente, o documento do Banco Mundial aponta
alternativa para o desmatamento zero da Amazônia por meio do investimento em
unidades de conservação florestal de maneira a superar o tempo de criar boi.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Nesse momento é importante esmiuçar as opções de
política pública de desenvolvimento para Amazônia à exaustão: ou se desmata
para ampliar a pecuária extensiva ou se produz riqueza com a biodiversidade
florestal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A boa notícia é que a maioria dos 198 países
associados à ONU concordam que a saída econômica pela biodiversidade florestal
da Amazônia prevalecerá!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 6.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB</span><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-45330933631487464512023-09-11T06:50:00.003-07:002023-09-11T06:50:28.056-07:00Desmatamento zero e o crédito zero para pecuária extensiva na Amazônia<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt; text-align: justify;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Enquanto persistir oferta maior que a
demanda de capital subsidiado para investir na pecuária extensiva será
impossível alcançar o desmatamento zero, que inclui o desmatamento legalizado e
o ilegal, na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Todos os anos os pecuaristas na Amazônia,
que em 100% dos casos usam a tecnologia rudimentar da criação extensiva de
gado, podem acessar parcela generosa de recursos financeiros por meio do
crédito rural subsidiado, oriundo do FNO (Fundo Constitucional do Norte) e
gerenciado em grande parte pelo Basa (Banco da Amazônia).<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por outro lado, desde a conferência
conhecida por Rio 92, quando o desmatamento zero na Amazônia foi transformado
em prioridade política mundial e, sobretudo após o Acordo de Paris, assinado em
2015, em que o governo brasileiro assumiu a meta de zerar o desmatamento até
2030, a oferta de crédito para pecuária extensiva se amplia.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Parece existir alguma contradição nisso. <o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por exemplo, o Basa divulga relatórios
anuais de sustentabilidade exaltando o aumento do crédito para a pecuária
extensiva como se não tivesse qualquer relação com a ampliação do desmatamento,
fazendo parecer possível o impropério científico de criar boi embaixo da
floresta.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por seu turno os gestores públicos, no
governo federal e em todos os nove governos estaduais, incentivam, treinam e
motivam o produtor para preparar o projeto de financiamento que vai permitir aumentar
a quantidade de cabeças de gado na pecuária extensiva e receber o crédito do
Basa, óbvio que com a condição de jurarem, sobretudo para os ingênuos
jornalistas, jamais desmatar.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A nota de rodapé chave para selar o
compromisso inusitado é que o aumento das cabeças de gado solto no pasto será
possível graças à recuperação de áreas já degradadas pela própria pecuária
extensiva que vai ser ampliada. Cruzes!<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Claro que existe um componente eleitoral
contraditório que faz com que o eleitor vote em quem defende o crédito para o
produtor criar boi ao mesmo tempo em que também vota no candidato que é contra
o desmatamento, como se não existisse vínculo científico entre um e
outro. <o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Concluindo, em um cenário de excesso de
subsídio, não será por força do mercado ou pela graça divina que o investimento
na substituição da terra coberta por floresta e localizada próxima das rodovias
e nas margens dos rios por pasto deixará de aumentar.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Enquanto a defesa do agronegócio, no caso
da Amazônia do agronegócio da criação extensiva de gado, se mostrar viável para
os políticos ganharem votos e o retorno financeiro for atrativo para o
produtor, o desmatamento zero jamais será alcançado em lugar algum quanto mais
na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Alguns governos estaduais preferem defender
às claras o pequeno e o grande produtor que investe na criação de gado onde
antes havia uma floresta, outros fazem o mesmo de maneira camuflada, no final a
pecuária extensiva é hegemônica e unanimidade na região.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E todos, sem entender que o mundo não vai
aceitar a destruição da floresta na Amazônia, se esforçam para reduzir o tamanho
da área de Reserva Legal e de outros tipos de florestas protegidas pelo Código
Florestal.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Discutir o impacto do crédito público
disponibilizado para pecuária extensiva na ampliação do desmatamento da
Amazônia contribuiria de imediato para o desmatamento zero.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Crédito zero para criação de boi solto no
pasto pode ser o ponto de inflexão que falta para o desmatamento zero na
Amazônia!<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;">*Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-33034408097293329212023-05-09T13:22:00.002-07:002023-05-09T13:22:43.620-07:00Fim do Florestania no Acre: Razões para o fracasso<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Após
reconhecido sucesso em 1999, o projeto de governo denominado Florestania, um
neologismo criado para sintetizar um conceito abstrato de cidadania associado
ao crescimento econômico ancorado na biodiversidade florestal, chegaria ao
fracasso nas eleições de 2018 e 2022 de forma, no mínimo, constrangedora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Explicar
o significado do Projeto Florestania não é tarefa fácil. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
despeito da popularidade adquirida, sobretudo no Acre e em Brasília, por meio
de farto investimento em publicidade governamental, o neologismo se mostrou
carente de objetividade e demasiado amplo o que, todos haverão de convir, torna
qualquer tentativa de definição pouco precisa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Acontece
que ao incluir aspectos culturais, econômicos, sociais, ecológicos e políticos
o Florestania não conseguiu escapar à costumeira e perigosa generalização que,
como mostra farta literatura em ciência política, pode proporcionar algum
sucesso eleitoral, mas, em contrapartida, fracassará na concertação do pacto
social para garantir sua continuidade e, no caso do Florestania, um futuro
diferente para o Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por
sinal, analisando com o distanciamento que só o tempo permite, ao que tudo
indica o propósito da equipe que concebeu o neologismo foi o de agregar todas
as correntes de pensamento existentes no Acre, de maneira a firmar uma frente
eleitoral para conquistar e manter o comando do governo estadual para sempre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ao
partir dessa diretriz, na qual todos os modelos de economia estadual são aceitáveis
e possíveis pela técnica, se reduziria o risco da perda de apoio político. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Tornar
mais claro e específico o conceito de Florestania acarretaria, de outra banda,
a exclusão de um determinado ator social ou agente econômico, o que aumentaria
em igual proporção o risco eleitoral. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E
perder eleições, infelizmente, era inadmissível para os líderes políticos do
Projeto Florestania.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não
à toa, a generalização tornou possível manter por um bom tempo uma frente
ampla, que abarcou todos os espectros políticos com partidos de esquerda,
centro e de direita. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ninguém
ficou fora do bônus eleitoral. O Projeto Florestania escancarou a porta para
aliciar todos e olha que foram muitos, que não contestassem seus líderes
políticos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E
deu certo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">É
inegável que em certo momento da história política do Acre, a sociedade formou
uma maioria de eleitores, aglutinados em torno de líderes políticos jovens que
inspiravam as pessoas com a novidade trazida pelo Florestania.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Naquele
momento histórico parecia que nada poderia dar errado, mas deu! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Claro
que se trata de uma discussão deveras complexa e para ajudar a entender esse
período único da incipiente política no Acre, nada mais prudente que resgatar
um pouco dos clássicos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Dentre
os vários estudos especializados na análise de processo político e de governo,
consagrados em extensa literatura, a teoria sobre Planejamento Estratégico
Situacional, elaborada pelo economista chileno Carlos Matus ainda na década de
1970, pode elucidar alguns pontos importantes para entender o sucesso e
falência do Projeto Florestania de governo no Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Com
a experiência adquirida na assessoria de Salvador Allende, que governou o Chile
de 1970 a 1974, Matus concebeu o que denominou de Triangulo de Governo, um
conjunto de 3 sistemas considerados determinantes para que uma nova força
política conseguisse satisfazer as demandas de curto prazo da população ao
mesmo tempo em que criava bases econômicas para um desenvolvimento sustentável
e de longo prazo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Matus
defendia que sem prevalência ou importância diferenciada, cada vértice deveria
ser analisado em separado desde que, contudo, caminhassem juntos de modo a
manter o equilíbrio. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Resumindo,
o inevitável fracasso do governo ocorreria se apenas um dos três vértices deixasse
de funcionar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Assim,
Matus definiu o Triangulo de Governo composto da seguinte forma:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Projeto de Governo</span></b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> – Delimita um rumo
ou uma ideia força que aglutina os atores sociais e agentes econômicos em torno
de um modelo para o desenvolvimento permanente da região no longo prazo,
ultrapassando por óbvio o horizonte temporal de 4 anos de mandato; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Capacidade de
Governo</span></b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">
– Representa o somatório da infraestrutura existente nos órgãos de governo incluindo
a equipe técnica disponível e com competência suficiente para tornar realidade
o Projeto de Governo, considerando ano após ano a demanda imediata e futura da
sociedade; e,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Governabilidade</span></b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> – Reúne as forças
políticas e eleitorais cujas características e concepções ideológicas permitem
solidificar o comprometimento com o Projeto de Governo, fornecendo o lastro
social requerido para evitar ruptura, retrocesso e, o mais grave,
descontinuidade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em
seu célebre livro “Adeus Senhor Presidente”, Matus faz uma analogia ao contar a
história de um político que sai, pela porta dos fundos, da vida pública após
fracassar no seu mandato. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Desiludido,
enquanto recebe o adeus melancólico de assessores próximos, o político revisa
suas decisões enquanto exerceu a presidência para entender as razões da péssima
avaliação de seu governo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Para
os que leram o livro um alerta: qualquer semelhança com a realidade política do
Acre no pós-2018 não será mera coincidência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Esse
é o desafio iniciado aqui e em outros nove artigos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ajudar
a compreender a raiz do problema que acarretou o fracasso do Florestania, um
projeto político e eleitoral que pareceu, até 2018, bastante sólido e
invencível.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Claro
que algumas pedras dessa barragem, com perdão do duplo sentido, começaram a
ruir bem antes. Encontrá-las será crucial para história política do Acre.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-15957745956905804642023-04-12T07:54:00.002-07:002023-04-12T07:54:38.781-07:00Sobre a alagação do rio Acre em 2023<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt; text-indent: 0cm;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Ainda
em 2006 publicamos um artigo com o sugestivo título “Com a alagação, Acre não
queimará em 2010”. O texto fez parte de uma campanha solitária para que o Acre,
com planejamento e técnica, se preparasse para zerar a prática agrícola das
queimadas a partir de 2010. Claro que a campanha fracassou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Depois
desse, um conjunto de mais de 30 artigos sobre alagação e seca no rio Acre chamou
a atenção para as soluções técnicas possíveis. Com disciplina inusual, em todos
os anos dos últimos 20, no mínimo um artigo foi publicado sobre a raiz do
problema: desmatamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Ainda
hoje, muitos políticos e gestores públicos preferem não adentrar nessa inóspita
e antiga discussão por não acreditarem no desmatamento zero. Tudo bem. Outros,
por razões ideológicas acreditam que o produtor no Acre ainda tem direito a
desmatar e também a queimar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Porém
a relação entre desmatamento (causa) e alagação (consequência) possui evidência
cientifica robusta e inquestionável. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">A
retirada da cobertura florestal dos solos no Acre leia-se desmatamento, causa a
erosão que vai assorear os rios e igarapés e comprometer a capacidade do leito do
rio receber a água da estação das chuvas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Divulgada
por jornalistas sensacionalistas e distraídos com a informação como sendo a
segunda maior, a alagação de 2023 trouxe novos elementos que podem ajudar os
engenheiros a encontrar respostas, algumas inclusive de curto prazo de modo a
melhorar a resiliência dos rios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Por
exemplo, se antes não despertavam atenção os rios e igarapés que desaguam no
rio Acre tiveram participação decisiva. Primeiro ao inundarem pontos de
estrangulamento de seu próprio leito, como no caso do São Francisco que adicionou
novas áreas e habitações àquelas já históricas alcançadas pelo rio Acre todos
os anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Ao
analisar a participação dos rios e igarapés será inevitável voltar a atenção
para um dos maiores polígonos da pecuária extensiva localizado na rodovia
estadual AC90, conhecida por Transacreana. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Continuando
o raciocínio, em todo lugar no Acre em que há predomínio da criação extensiva
de gado e são muitos, as taxas de desmatamento estão acima da média estadual
que, por sinal, desde 2012 apresenta tendência de elevação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Não
por acaso, também é na Transacreana que se encontra porção considerável do
leito e da área das cabeceiras do São Francisco, Andirá e Rola, três dos principais
tributários do rio Acre. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Quantidade
expressiva de informação, com precisão superior aos dados obtidos em alagações
anteriores, foi coletada com rigor técnico, pelos excelentes profissionais que
trabalharam para minimizar os efeitos da alagação. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-language: AR-SA;">Com
a esperada vazante do rio Acre, o momento é mais que oportuno para discutir
soluções definitivas para alagação e seca do rio Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-indent: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;">*
Engenheiro Florestal (UFRuRJ), Mestre em Política Florestal (UFPR) e Doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; tab-stops: 53.25pt; text-indent: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;"><o:p> </o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-42111156311879957052023-03-31T07:00:00.000-07:002023-03-31T07:00:50.530-07:00Cientistas fazem novo alerta sobre emergência do clima<p> </p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: AR-SA;">* Ecio Rodrigues<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Publicado
em 20 de março de 2023, o relatório do Painel Intergovernamental para Mudanças
Climáticas (IPCC da sigla em inglês) que reúne mais de 3.000 cientistas de todo
mundo, inclusive brasileiros, fez um alerta estarrecedor: nesse ritmo não vamos
conseguir evitar o aquecimento do planeta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Na
visão do seleto grupo de pesquisadores as negociações iniciadas ainda na Rio
92, há exatos 31 anos, apesar de alcançarem resultados importantes não foram
suficientes para conter a emergência representada pela crise ecológica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ao
atualizarem os resultados de centenas de artigos científicos publicados mundo
afora, o IPCC apela para que os países sejam eficientes em especial na
transição para energia limpa e no financiamento aos países mais impactados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Na
primeira frente, os países devem aumentar o incentivo à geração de energia elétrica
com a força das águas, do sol e dos ventos. E na segunda frente, o Fundo Verde deve
ter aporte financeiro imediato das economias mais industrializadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em
seus relatórios, o painel de cientistas, sobretudo após a assinatura do Acordo
de Paris em 2015, tem sido cada vez mais enfático na cobrança por medidas
energéticas para promover a mudança na geração e no uso de energia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Superamos,
gritam os cientistas, a fase de apelar para o princípio da precaução quando
havia dúvida sobre o aumento da temperatura do planeta. O momento é para aproveitar
a janela de oportunidade, em tecnologia e recurso, cada dia mais fechada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Para
o Brasil, após o comprometimento com as metas para chegar ao desmatamento zero
e em ampliar a participação de fontes alternativas na matriz de eletricidade,
não há espaço para romantismos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Afinal,
não adianta se comparar ao fracassado governo encerrado em 2022 que deixou aos
brasileiros um prejuízo econômico descomunal com a destruição em 4 anos de 45.586
km<sup>2</sup> de biodiversidade florestal na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não
será com declarações de boas intenções que a destruição da floresta será
contida. Medidas concretas devem ser adotadas antes de maio, para que a taxa de
desmatamento calculada até agosto de 2023, seja inferior a de 2022. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Medidas
que demonstrem determinação política tais como as moratórias para queimadas e
desmatamentos na Amazônia adotadas com sucesso desde 2010.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E,
melhor ainda, uma moratória de cinco anos no crédito para pecuária extensiva
liberado pelo Basa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ação
de política pública simples, rápida, barata para a sociedade e de efeito
imediato. Deixem a retórica no passado, ouçam os cientistas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-27269559649920598962022-12-22T15:26:00.002-08:002022-12-22T15:26:08.854-08:00Em 2022, desmatamento elevado e sabotagem do Fundo Amazônia minaram sustentabilidade da Amazônia<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12pt; text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt; text-align: justify;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O governo que se despede em
2022 deixa aos brasileiros um prejuízo descomunal, resultante da destruição,
nos últimos 4 anos, de 45.586 km<sup>2</sup> de biodiversidade florestal na
Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Além da perda dessa riqueza
estratégica representada pela biodiversidade, a cada ano de fracasso do governo
na conservação das florestas e, por conseguinte, no controle do desmatamento, a
Amazônia se afasta da sustentabilidade ecológica e econômica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O país amarga, por óbvio, as
consequências desse distanciamento, uma vez que os danos vão ficando cada vez
maiores e difíceis de ser ressarcidos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Estudos apontam o limiar de 25%
de devastação para a floresta nativa atingir o ponto de ruptura – a fronteira a
partir da qual não há mais retorno. Dali em diante o ecossistema natural já não
conseguirá se reconstituir e retornar ao estado anterior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">No caso da Amazônia, conforme demonstram
as evidências, se esse limite for ultrapassado o bioma floresta tropical irá se
converter numa espécie de savana, sofrendo drástica redução na quantidade e na qualidade
da fauna e da flora. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Sem falar dos efeitos
ecológicos e sociais, o prejuízo econômico decorrente dessa mutação provavelmente
será cobrado das futuras gerações num prazo bastante curto, que pode ser de até
15 anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Em 2019 – isto é, já no
primeiro ano da atual gestão –, o Fundo Amazônia, o mais importante sistema de
fomento na área ambiental do país, gerenciado de maneira eficiente pelo BNDES e
por isso consolidado no complexo arcabouço da administração pública federal, parou
de funcionar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Fruto de muito esforço, o fundo
existe desde 2008, destinando-se a captar recursos doados pela cooperação
internacional e a financiar ações e projetos direcionados, por sua vez, a zerar
o desmatamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Pode-se dizer, assim, que o
organismo é herdeiro do PPG7, programa piloto patrocinado pelo G7 e que durante
a década de 1990 possibilitou o investimento na Amazônia, a fundo perdido, de
mais de 200 milhões de dólares (em valores da época), viabilizando a criação e
a institucionalização da política de meio ambiente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A partir de 2019, entretanto,
todo o dinheiro depositado no fundo ficou inacessível por decisão dos países
doadores – uma reação aos ataques dos gestores ambientais à ajuda financeira
prestada à Amazônia pela cooperação internacional.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Diante desse congelamento – provocado
pelo próprio governo, que dependida dos recursos retidos –, uma quantia que
pode chegar à casa dos bilhões de dólares deixou de ser aplicada no combate à
destruição florestal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ou seja, por mais paradoxal que
pareça, o governo, que tem a atribuição constitucional de proteger a floresta
amazônica, sabotou sua principal fonte de recursos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Afinal, todo mundo sabe que não
adianta esperar pelo aporte do orçamento público, principalmente quando se
trata de promover a exploração comercial da biodiversidade florestal e, dessa
forma, conter o desmatamento legalizado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Nada há de ideológico, não
precisa mencionar, na estúpida conduta dos gestores, tratando-se tão somente de
ignorância, incompetência e descaso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Claro que o dinheiro do fundo fez
(muita) falta. A crise econômica originada pela pandemia só agravou o caos que
já estava em curso, e nos últimos 4 anos a tendência de alta que desde 2012 vinha
sendo observada na curva do desmatamento se acentuou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A sustentabilidade na Amazônia
em 2023 vai depender da reversão dessa tendência, uma empreitada por si
complexa. Mas será apenas o primeiro passo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A meta é zerar o desmatamento
até 2030. Foi esse o nosso compromisso perante o Acordo de Paris.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 7pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 7pt;">*Engenheiro florestal (UFRuRJ),
mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável
(UnB).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 7pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 7pt;"> </span></p>
<p><span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt; text-align: justify;"> </span> </p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-81876354319157086232022-12-06T05:56:00.003-08:002022-12-06T05:56:54.933-08:00 Governo fracassou: de 2019 a 2022, 45.586 km2 de florestas destruídas na Amazônia<p><span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Entre 2004
e 2012, com exceção de pequenas oscilações (para cima), a taxa anual de
desmatamento sofreu a mais longa sequência de quedas até hoje registrada,
chegando ao menor índice já aferido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Por
razões pouco estudadas e por isso ainda inexplicáveis, o ano de 2012 foi o
único até agora (desde 1988, quando tiveram início as medições) em que a
extensão da destruição florestal na Amazônia foi inferior a 5.000 km<sup>2</sup>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A partir daí
uma tendência de alta é claramente perceptível na curva do desmatamento, tendo
se acentuado depois de 2018. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Essa constatação
é preocupante, já que elevações persistentes podem resultar em picos – como o recorde
de 1995, quando a destruição assumiu uma proporção alarmante, atingindo 29.059
km<sup>2</sup> de área com cobertura florestal, transformada quase que
inteiramente em pastagem para criação extensiva de boi.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Ou o recorde
de 2004, ano em que o aumento do desmatamento acompanhou o aquecimento da
economia brasileira e, em consequência, 27.772 km<sup>2</sup> de florestas foram
suprimidos por corte raso, desaparecendo do mapa amazônico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Todos os
anos o mundo acompanha a divulgação, pelo Inpe, da taxa de desmatamento, o que ocorre
sempre no final de novembro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Como o combate
à devastação florestal é efetuado primordialmente pelo governo federal, é dele
o mérito quando a taxa é reduzida, assim como a responsabilidade, nos anos em
que se amplia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Diversamente
do que apregoam a imprensa e o movimento ambientalista, todos os anos os
governos (o atual e os anteriores) aplicaram recursos na fiscalização. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">E se
engana quem pensa que se trata de um investimento exíguo, pois não é. Está
muito longe da verdade, por sinal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Acontece
que a maior parte do orçamento na área ambiental é destinada a procedimentos
relacionados ao exercício do poder de polícia, tais como compra de equipamentos
e viaturas, realização de operações fiscalizatórias, pagamento de diárias etc. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas a experiência
demonstra que para alcançar êxito, além da destinação orçamentária é preciso
também competência – algo que esteve em falta nos últimos 4 anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Do ponto
de vista institucional, cabe observar que nesse governo as ações de controle do
desmatamento ficaram diretamente vinculadas à Presidência, sob a coordenação –
um tanto ineficiente, diga-se – do próprio vice-presidente da República. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Nada
disso adiantou. A despeito do investimento em fiscalização e dos dispêndios com
a intensa atuação do Exército, a gestão que se encerra em 2022 falhou rotundamente
no cumprimento da meta estabelecida perante o Acordo de Paris, de conservar a
floresta na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Em 2019, primeiro
ano do mandato, foram derrubados 10.129 km<sup>2 </sup>de florestas; em 2020, foram
10.851 km<sup>2</sup> e, em 2021, 13.038 km<sup>2</sup>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Agora, em
2022, a superfície desmatada totalizou 11.568 km<sup>2</sup>. Apesar da leve
flutuação para baixo, a tendência de alta se manteve – o que só confirma o
fracasso do governo em conter o desmatamento e estancar os prejuízos econômicos
decorrentes da degradação da biodiversidade florestal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Fracasso
que deveria ser cobrado com firmeza pela imprensa. Afinal, não tem nada a ver
com ideologia, é incompetência mesmo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></p>
<span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 7pt;">*Engenheiro florestal
(UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento
Sustentável </span>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-35114105644974239092022-11-21T04:55:00.003-08:002022-11-21T04:55:58.442-08:00Na COP 27 mercado de carbono foi prioridade<p> *<span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;"> Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Os mais
de 190 países reunidos em Sharm El Sheikh, no Egito, durante a COP 27, que
terminou na última sexta-feira (18/11), deram passos importantes para a
superação de um antigo obstáculo, relacionado à oferta de recursos financeiros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não
importando a finalidade desses recursos – mitigação de desastres como secas e inundações
ou redução do petróleo na geração energética –, em vista dos altos custos envolvidos,
as negociações sempre emperraram diante da pergunta: quem vai pagar a conta? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">O debate contrapôs
as nações desenvolvidas, que lançam carbono na atmosfera desde a revolução
industrial (final do século XVIII), sendo hoje as maiores responsáveis pelo
aquecimento do planeta, àquelas em processo de industrialização, cujas emissões
aumentaram nos últimos 50 anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">No
decorrer dessa longa e complexa discussão, muitos avanços aconteceram, e as
dúvidas foram se dissipando. Atualmente todos os países acatam o alerta dos
cientistas quanto às catástrofes causadas pela elevação da temperatura da Terra
e à necessidade urgente de reduzir a intolerável quantidade de carbono presente
nos céus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Nesse
contexto, e no intuito de ganhar tempo enquanto planejam uma futura transição
definitiva, os governos investem em duas prioridades consideradas emergenciais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A
primeira delas é promover e financiar a geração de energia elétrica com base em
fontes limpas (água, luz solar, vento e biomassa). Nesse quesito, o Brasil é
referência, já que mais de 70% da eletricidade produzida no país provém de hidrelétricas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Em
paralelo, o sistema de transporte de cargas e pessoas deverá ser eletrificado, passando
a consumir energia limpa e deixando de utilizar o petróleo como combustível.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A
segunda, por seu turno, é conservar e ampliar as superfícies cobertas por
florestas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">As árvores
retêm carbono, presente em mais de 70% dos troncos e galhos. Dessa forma, são
reconhecidas por sua contribuição para limpar o ar – uma vez que, ao se
desenvolverem, retiram da atmosfera todo o carbono de que necessitam. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Ambas as
prioridades, não precisa dizer, têm impacto direto sobre a Amazônia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Na COP
15, realizada em Copenhague, Dinamarca, em dezembro de 2009, chegou-se a um
consenso que resolveu em boa parte o impasse financeiro – quando os países
reconheceram, primeiro, que todos são responsáveis pelo aquecimento global;
segundo, que a cota de responsabilidade de cada um, além de diferenciada, é
possível de ser calculada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas com a
celebração do Acordo de Paris em 2015 e o compromisso assumido pelos
signatários, de reduzir suas emissões de carbono até 2030, ficou claro que a
substituição do petróleo na matriz energética mundial vai demandar um
investimento ainda mais exorbitante do que o esperado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Por isso
a importância da COP 27, que teve como resultado mais significativo, por certo,
garantir fluxo financeiro permanente, em especial a partir da estruturação do
mercado internacional de carbono, para o financiamento da produção de energia
elétrica limpa, bem como de iniciativas econômicas alternativas ao desmatamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">O mercado
de carbono em breve será realidade, e a Amazônia, por sua vocação florestal, é a
chave para o sucesso dessa complexa empreitada planetária.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;">*Engenheiro florestal
(UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento
Sustentável (UnB).</span><span style="font-size: 7.0pt;"><o:p></o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-16711054401164360422022-10-24T19:49:00.003-07:002022-10-24T19:49:49.295-07:00Vote pela Amazônia<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Para
que a discussão em torno do futuro da Amazônia avance é preciso levar em conta duas
constatações comprovadas em teses de doutorado e pesquisas científicas consumadas
no âmbito de instituições do porte da Embrapa e do Inpa, que gozam de amplo
reconhecimento internacional.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em primeiro
lugar, o desmatamento é de longe o maior problema social, econômico e ecológico
da região, sendo que a superação desse problema depende de um esforço concentrado
de políticas públicas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em segundo
lugar, a principal responsável pelo desmatamento é a pecuária extensiva
praticada nos moldes atuais, ou seja, uma atividade que ostenta produtividade
sofrível (2 hectares de pasto por cabeça), que só se viabiliza porque conta com
fartura de terras e crédito barato assegurado pelo FNO, além de não pagar pela
água que o boi bebe.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Só
quando essas premissas forem reconhecidas e assumidas, os políticos e os
gestores por eles nomeados entenderão que para alcançar o desmatamento zero –
uma imposição do mundo aos brasileiros, sobretudo a partir da celebração do
Acordo do Paris em 2015 – é imprescindível, antes de tudo, desincentivar a primitiva
prática da criação extensiva de boi. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Uma
decisão complexa, que requer compreensão da dinâmica do desmatamento na
Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Os
dados coletados pelo conceituado Inpe desde 1988 demonstram que, da mesma maneira
como acontece em quase toda análise estatística de eventos sociais e
econômicos, a curva do desmatamento exibe uma porção inercial.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Esse
efeito inercial aparece justamente porque a resolução de desmatar é uma decisão
privada de investimento e, em tal condição, envolve análise precedente de custos
e receitas, o que o produtor costuma fazer no ano anterior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não
é por acaso que se deita ênfase, aqui (como também em todos os outros artigos publicados
neste espaço), na motivação econômica da destruição florestal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Explicando
melhor. O produtor que pretende ampliar seu pasto e, por conseguinte, seu gado (quase
sempre usando o fogo para limpar o solo antes de plantar capim), precisa
planejar o investimento com pelo menos um ano de antecedência. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Significa
dizer que o desmatamento de 2023 está sendo decidido agora.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Cumpre
enfatizar que o boi solto no pasto domina a paisagem rural da Amazônia, sendo
encontrado nas grandes propriedades, que somam mais de 1.000 hectares, mas
também nas pequenas, que não chegam a 100 hectares. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por sinal,
está na agricultura familiar e nos pequenos rebanhos o maior entrave para a
redução – muito necessária – do crédito rural disponibilizado pelo Pronaf, que
prioriza o exercício da pecuária extensiva. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">É
inegável, claro, a importância social do gado para o pequeno produtor. Entretanto,
sob essa justificativa vão se criando cada vez mais empecilhos que entravam a restrição
do financiamento público oferecido à pecuária e, em consequência, ao
desmatamento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Enfim,
por um lado, encarar o desafio de reduzir de maneira drástica o apoio estatal à
criação extensiva de gado significa enfrentar o poder político dos pecuaristas.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por
outro, significa enfrentar o poder político da agricultura familiar. Afinal, é equivocada
a ideia recorrente de que apenas a grande propriedade cria boi e desmata.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
empreitada, há de se convir, não é nada animadora. Mas não existe plano B. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
conclusão é simples. Para alcançar o desmatamento zero na Amazônia, o crédito fornecido
ao boi solto no pasto também deve ser zerado. Para os grandes produtores e para
os pequenos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Quem
é capaz de vencer esse desafio? Pense na Amazônia e vote por ela. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;">*Engenheiro florestal
(UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento
Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-49692335527295211612022-10-03T08:33:00.003-07:002022-10-03T08:33:57.551-07:00Vote pelo rio Acre<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Nos
últimos cinco meses, desde maio de 2022, a quantidade de queimadas no Acre
superou a média mensal dos últimos 24 anos sendo que no dia 27, para ser bem
exato, ocorreu o recorde para o mês de setembro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Desde
1998, quando o conceituado Inpe iniciou as medições sobre focos de calor na
Amazônia, nunca em setembro se ultrapassou o recorde de 6.506 queimadas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Para
os que não entendem, queimadas são realizadas pelo agronegócio da criação extensiva
de boi.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Estudos
recentes demonstram que a incidência de focos de calor na mata ciliar é maior
que aquela observada fora da faixa de floresta fixada pelo Código Florestal
para proteção dos rios na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por
outro lado, nos últimos 40 anos o desmatamento em toda bacia hidrográfica do
rio Acre causou uma taxa de erosão que ultrapassou o ponto da capacidade
natural de regeneração.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em
síntese pode-se afirmar, com muita segurança científica, que somente com uma ação
decisiva do governo que assumirá em janeiro de 2023 o rio Acre poderá reverter a
tendência de degradação que acarreta, com periodicidade anual, secas e
alagações extremas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O
fim desse cenário desanimador todo mundo conhece. Exemplos como o do canal da
maternidade se repetem na capital e nos oito municípios do interior abastecidos
pelo rio Acre. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Explicando
melhor, o ponto de não retorno às características hidrológicas de origem acontece,
em síntese, assim: a degradação do rio ultrapassa o intolerável; até que não há
saída técnica que promova a resiliência e a restauração ecológica do rio; daí as
taxas de dejetos domésticos e industriais transformam o rio em canal de esgoto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Continuando
o processo, a população deixa de reconhecer a importância ecológica, econômica e
cultural do rio; a concretagem do ex-rio agora canal de esgoto se transforma em
demanda eleitoral; e, enfim, a canalização do esgoto e urbanização da margem
será a única e nefasta opção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por
óbvio, a solução para resgatar as características hidrológicas do rio Acre é aumentar
sua resiliência. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Entenda-se
por resiliência a capacidade natural que os cursos de água possuem de agüentar
e se recuperar das agressões, em especial o assoreamento decorrente da erosão
que, por sua vez, se origina no desmatamento em toda bacia hidrográfica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Concluindo,
a resiliência do rio está diretamente vinculada ao equilíbrio hidrológico,
intensidade de sua vazão, desobstrução do leito e uma série de variáveis, sendo
a principal delas o desmatamento nas margens e na área de influencia direta da
bacia hidrográfica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">No rio
Acre, tanto a retirada da mata ciliar que chega a 70% da faixa prevista no Código
Florestal, quanto na área crítica situada entre o leito do rio e a BR 317 em
que o desmatamento em algumas cidades supera 80%, o comprometimento da
resiliência do rio passou do limite.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Finalmente,
discursos e declarações de amor, repetidos para angariar simpatias e votos, estão
longe de atender a urgência da política pública que o rio Acre vai demandar em
2023.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Aos
eleitores indiferentes à degradação ecológica, restaria ainda apelar para a
importância do rio Acre na condição de única fonte de abastecimento urbano de
água tratada para a imensa maioria da população acreana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Hoje,
dia dois de outubro, no momento do voto, pense na resiliência do rio Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;">*Engenheiro Florestal
(UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento
Sustentável (UnB).</span><span style="font-size: 7.0pt;"><o:p></o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-7458742723130914962022-09-14T12:03:00.000-07:002022-09-14T12:03:00.824-07:00Queimadas e eleições<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Todo produtor
rural no Acre sabe que o pasto deve ser queimado em setembro, de preferência em
torno do – ou no próprio – dia 5, o “Dia da Amazônia”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">É que
depois da primeira semana de setembro o risco de chuva aumenta, e basta
chuviscar para comprometer o resultado esperado – isto é, transformar o capim ou
os restos do desmatamento no adubo das cinzas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Embora
recebida todo ano com surpresa por uma imprensa de pouca memória, a temporada
das queimadas no Acre acontece desde sempre. E a despeito de as medições do
Inpe terem se iniciado em 1988 – há 34 anos, portanto –, nunca nenhuma medida
de controle efetivo e decisivo chegou a ser tomada por nenhum governo estadual.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Nos
últimos 5 meses os pecuaristas no Acre queimaram mais que a média dos últimos
34 anos, e neste mês a média foi superada mais cedo, no dia 10. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Vivemos
assim mais um setembro cinza. Novamente a fumaça tomou o céu do Acre, abafando
ainda mais o clima, elevando o calor ao limite do insuportável, ocasionando infecções
respiratórias e superlotando hospitais com idosos e crianças.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Para
piorar, até o final do mês chove pouco, o solo resseca, a sensação térmica de
mormaço aumenta e a umidade relativa cai. Uma combinação perigosa numa região com
excesso de matéria orgânica, que traz risco de incêndios florestais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Chegar
às causas das queimadas deveria ser questão de prioridade para os gestores. Mas
nunca foi. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Ocorre
que para erradicar o procedimento pernicioso e incivilizado é preciso, antes de
tudo, compreender as razões que levam o produtor a queimar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O primeiro
passo consiste no reconhecimento de que a origem das queimadas está na criação
extensiva de boi e que existem alternativas a essa prática rudimentar. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Ou
seja, por um lado é falso o pretexto – sempre levantado, quando a questão vem à
tona – de que o produtor precisa queimar para aplacar a fome. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Esse
argumento não passa de uma desprezível chantagem dirigida aos habitantes dos
centros urbanos, que sofrem as consequências da fumaça e somam mais de 80% da
população do estado. O dilema, por óbvio, não reside em queimar ou não ter
comida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Por
outro lado, todo pecuarista no Acre, pequeno ou grande, tem condições de acessar
pelo menos um trator – seja próprio ou cedido por governo, prefeitura,
sindicato etc. – que lhe permita arar o solo em vez de empregar um método tão
nocivo ao meio ambiente e aos seres humanos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Dessa
forma, a instituição de tolerância zero em relação às queimadas, coibindo-se a
prática irrestritamente, sem excepcionar situações, é uma medida perfeitamente possível
de ser posta em prática – mas que depende, claro, de vontade política. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Se
pelo aspecto social o cotidiano da população urbana se torna um suplício, pelo
aspecto econômico e ecológico os impactos das queimadas são ainda mais contundentes,
em vista, entre outros, do esgotamento do já precário sistema público de saúde
e da destruição da biodiversidade florestal, a mais importante fonte de riqueza
estratégica do estado. Tudo em nome de uma produção rural que traz escasso
retorno à sociedade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Mas, se
é assim, se o produtor tem alternativa, se 80% da população é afetada, se os custos
econômicos, ecológicos e sociais são muito superiores aos benefícios gerados, por
que não há e nunca houve vontade política para abolir as queimadas? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Estamos
em pleno período eleitoral. O assunto deve ser trazido ao debate. Precisamos discutir
as queimadas, de maneira aberta, sem subterfúgios nem ranço ideológico. Por que
nenhum candidato se dispõe a fazê-lo? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;">*Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-73940338116503900222022-08-29T07:45:00.003-07:002022-08-29T07:45:53.969-07:00A era da borracha na Amazônia<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Vez ou
outra aparece na mídia alguma notícia alusiva à reativação de seringais nativos
na Amazônia, sacudindo o imaginário popular com a possibilidade de ressurgimento
da era de ouro da borracha – quando a região alcançou uma pujança econômica
jamais repetida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas como
disse certa feita um ex-seringalista, a coleta do látex nos dias atuais só
seria possível por meio da “convocação de espíritos”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Referia-se
ele ao fato de que os seringueiros, que dominavam as técnicas de exploração da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Hevea brasiliensis</i>, já morreram todos,
levando consigo sua expertise – sendo que seus descendentes ou migraram para as
cidades ou, seguindo no mesmo caminho traçado pela maioria dos pequenos
produtores amazônidas, partiram para a criação extensiva de boi, na (vã)
expectativa de um dia se tornarem grandes pecuaristas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Enfim,
ainda que a extração da seringa voltasse a apresentar alguma chance de viabilidade
econômica (o que não é o caso), sequer haveria trabalhador especializado a permitir
a retomada da atividade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A
história registra dois ciclos econômicos da borracha, períodos de pico de
produção gomífera na região amazônica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">O
primeiro e de maior riqueza decorreu da nascente indústria do automóvel e durou
de 1880 a 1911; o segundo, que veio no rastro do esforço de guerra, de 1940 a
1945.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">O ciclo
mais importante surgiu com a descoberta do processo de vulcanização – o que asseguraria
matéria-prima para outra indústria em ascensão, a dos pneumáticos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A
tecnologia da vulcanização forneceu à borracha oriunda das seringueiras (não a
sintética, que é subproduto do petróleo) a dureza e a estabilidade requerida pelos
pneus dos veículos automotores. Foi o salto para o crescimento de um mercado inesgotável
de produtos que demandam elastômeros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A
quantidade de trabalhadores arregimentados do Nordeste (fenômeno denominado por
Celso Furtado de “transumância amazônica”) e a infraestrutura erigida mediante
a exploração de uma única espécie vegetal, das centenas presentes na
biodiversidade florestal, causaram forte impressão em renomados economistas e
sociólogos, entre outros estudiosos, que se esforçaram para esmiuçar aquele momento
histórico e inventariar a riqueza trazida à região pela seringueira.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Hegemônica
no mundo até 1911, quando os seringais cultivados da Malásia começaram a
mostrar inigualável força e produtividade, a borracha nativa garantiu à
Amazônia, simultaneamente e ao longo de mais de 30 anos, ganhos econômicos e
sustentabilidade ecológica. Nenhum outro produto – de origem florestal,
agropecuária ou mineral – chegou nem perto disso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Sem
condições de competir com os malaios, a produção amazônica entraria em declínio,
ocasionando uma retração econômica de difícil recuperação. Esse declínio pode
ser facilmente explicado pela teoria da inelasticidade da oferta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Acontece
que no seringal nativo a ocorrência da espécie se limita (em média) a menos de
5 árvores por hectare. Por outro lado, na Amazônia não é possível o cultivo
domesticado, em razão da presença do fungo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Microcyclus
ulei</i>, que causa o “mal das folhas”, doença que ataca os plantios e acaba
por matar as árvores de seringa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Diante da
impossibilidade de ampliar sua oferta, os seringais nativos não competem com os
cultivados, que podem chegar a mais de 500 árvores por hectare.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Com a
eclosão da Segunda Guerra Mundial a Malásia foi ocupada pelo exército alemão, e
a borracha da Amazônia recuperou brevemente sua proeminência. O fim do
conflito, em 1945, trouxe a decadência definitiva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Posteriormente,
a partir da década de 1970, os produtores do Sudeste do país, área de escape do
mal das folhas (onde o fungo não prolifera) foram estimulados a plantar a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Hevea</i> – o que levou ao surgimento de cultivos
homogêneos nessa região, principalmente em São Paulo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Hoje a
borracha nativa já não compete nem com os seringais paulistas – que desde 1992 superam
toda a produção amazônica no mercado de pneumáticos –, sendo extraída em escala
insignificante para as estatísticas e tendo perdido completamente sua
importância comercial.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas a
biodiversidade florestal da Amazônia vai muito além da borracha. E o mercado de
carbono está só começando.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Engenheiro
Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-19735997032976630592022-08-15T09:12:00.003-07:002022-08-15T09:12:34.288-07:00PV fagocitado pelo PT e Rede pelo PSol diz muito sobre o ambientalismo político à brasileira<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Tem sido
comum a imprensa se referir à federação partidária (introduzida pela reforma
eleitoral de 2021) como instituto similar à coligação, porém não é isso o que a
lei prevê. A bem da verdade, ao formarem uma federação os partidos passam a
atuar como apenas uma sigla, isto é, como uma agremiação nacional com estatuto único.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">E diversamente
da coligação, que pode acabar a qualquer momento, a continuidade da federação é
obrigatória até o final do mandato conquistado. Portanto, seria ingenuidade
imaginar que, no frigir dos ovos, a sigla predominante na federação não vai se
esforçar para absorver as menores antes das próximas eleições gerais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Em suma,
emprestando o termo à biologia, o que ocorre entre os partidos da federação é
um processo de fagocitose. Como ensinou a professora de ciências lá atrás, na
fagocitose a célula absorve outros organismos e resíduos celulares.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Ou seja, o
partido menor (que não conseguiu ultrapassar a cláusula de barreira e por isso foi
obrigado a entrar numa federação) é fagocitado pelo maior. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas o cerne
da discussão está no movimento de aproximação entre os partidos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Afinal, é
difícil entender os motivos que levaram o Partido Verde, que em tese tem
afinidade com os partidos verdes europeus, a se vincular ao PT e PC do B, seus
antagonistas por princípio ideológico e teórico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Da mesma maneira
que é difícil para a Rede Sustentabilidade justificar, sob alguma coerência ou
preceito da ciência política, as razões pelas quais se uniu ao PSol.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Historicamente,
o tema da sustentabilidade ecológica não se coaduna com os conteúdos debatidos sob
a perspectiva da luta de classes, sendo considerado – por comunistas, socialistas,
e simpatizantes – uma preocupação essencialmente burguesa, que não diz respeito
à classe trabalhadora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Tal percepção
não se alterou com o surgimento dos partidos verdes europeus, no pós-guerra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Dessa
forma, pactos internacionais como o Acordo de Paris geralmente são entrevistos na
condição de instrumentos do imperialismo americano predominante no mundo e, por
óbvio, hegemônico na ONU. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Por sua
vez, as organizações não governamentais, quase sempre enxergadas com
desconfiança (já que não lhes competiria cumprir um papel que é unicamente do
Estado), costumam ser reputadas como uma espécie de excrescência capitalista – uma
versão camuflada de cooperação para perpetuação do capitalismo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Enfim, não
são poucas as incoerências que as federações integradas pela Rede e pelo PV trazem
em seu rastro. Com relação à Amazônia pelo menos 3 podem ser de pronto destacadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Rede, PV
e ambientalistas deveriam defender, por princípio dogmático e científico, o
desmatamento zero na Amazônia; PT e PSol, por outro lado, justificam a
destruição florestal como direito dos trabalhadores e pequenos produtores
rurais, e também como resposta à suposta estratégia do imperialismo americano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Rede e PV
sabem, ou têm obrigação de saber, que as hidrelétricas produzem energia limpa e
renovável e, além disso, representam uma saída econômica adequada à realidade
do ecossistema florestal amazônico, que depende do estoque de água para manter a
umidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">PT e PSol,
tradicionalmente, como já evidenciaram em diversas oportunidades, preferem as termoelétricas
a diesel às hidrelétricas, mesmo não havendo ciência nessa opção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Ambientalistas
reconhecem na criação extensiva de gado o agente principal do desmatamento e das
queimadas, as duas maiores mazelas ambientais da Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">PT e PSol
defendem a adesão do pequeno e médio produtor ao negócio da criação extensiva
de gado, a despeito da reconhecida animosidade que mantêm contra a atividade do
agronegócio em si.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">No
ambientalismo político à brasileira, o que tem mais peso não são as pautas
ambientais defendidas mundo afora, mas a agenda do comunismo/socialismo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).</span><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 7.0pt;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-61030314073619302252022-07-21T14:46:00.003-07:002022-07-21T14:46:35.505-07:00Depois da Ufac<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Aposentei-me
hoje. Ou talvez ontem, não sei bem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Trata-se
de uma paráfrase da abertura de “O Estrangeiro”, que figura entre as mais célebres
passagens iniciais de clássicos da literatura universal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mas serve
para dar uma ideia do processo de aposentadoria dos funcionários públicos
federais, onde nada é muito claro. Basta mencionar que para enquadrar cada
situação à regra aplicável é preciso levar em conta uma série de variáveis e
combinações estabelecidas por nada menos do que 5 emendas constitucionais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Despedir-se
da carreira docente não é decisão das mais simples. O empurrão definitivo veio agora,
com o fim do período de ensino remoto que perdurou nos últimos 5 semestres
letivos, desde a quarentena imposta pela pandemia de covid. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O
sistema remoto trouxe novos desafios, e devo dizer que foi instigante a inédita
experiência de preparar, gravar, compartilhar e debater com os alunos mais de 30
videoaulas. O encerramento desse ciclo suscitou em mim um sentimento de despedida
que, associado aos riscos decorrentes do retorno ao ensino presencial, logo se
converteu na certeza de que meu tempo de Ufac se completara.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ou, para
ser preciso, meu tempo na engenharia florestal da Ufac. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Considero-me
um dos professores pioneiros do curso, já que cheguei ainda nos primórdios, e
minha aula inaugural na Ufac foi para a primeira e inesquecível turma de
engenheiros florestais graduados no Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Desde
então venho ministrando as disciplinas de Política Florestal e de Extensão Rural,
o que me deu a oportunidade de interagir com quase 1.500 alunos ao longo dos
anos e de contribuir (assim espero!) para a formação profissional desses jovens.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">No
caso de duas dezenas de destacados alunos, o enriquecedor convívio da sala de
aula se estendeu aos projetos de extensão que tive a sorte de conduzir com o patrocínio
do CNPq. Sempre envolvendo assuntos de relevância para a realidade local, esses
projetos totalizam cerca de R$ 1.000.000,00 (em valores da época) – cifra que decerto
está entre as maiores já obtidas por um professor da Ufac em financiamento de
projetos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O
uso da palavra “sorte” é intencional. É que boa parte de minha trajetória
profissional coincidiu com um período profícuo para a pesquisa, entre meados
dos anos 1990 e o início da década de 2010, quando o CNPq contava com recursos
e vontade política para o financiamento de projetos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Depois
de assumir a cátedra na Ufac, o primeiro projeto que eu e minha equipe logramos
aprovar tinha o propósito de testar a viabilidade da criação comercial de
animais silvestres amazônicos (paca, especificamente) no ambiente da pequena
propriedade rural.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
experiência compreendeu, em suma, a instalação de um criatório rústico e a adaptação
e acompanhamento de um plantel de 12 animais durante 2 anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Os
resultados demonstraram que esse tipo de iniciativa é compatível com a
realidade do meio rural do Acre, não trazendo dificuldades alheias ao cotidiano
do produtor e permitindo ampliar em até 30% a renda dos colonos e extrativistas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Posteriormente,
uma parceria com a ONG germânica de ponta Instituto Floresta Tropical (na
tradução livre para o português) nos levou às florestas marginais ao rio Purus,
entre os municípios amazonenses de Boca do Acre e Lábrea, onde há ocorrência natural
de árvores cacaueiras (Theobroma cacao).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Foi
o ponto de partida para o projeto Cacau Nativo do Purus, a mais expressiva pesquisa
de extensão até hoje levada a termo pela engenharia florestal da Ufac, que venceu
2 editais nacionais do CNPq e recebeu 400 mil reais em financiamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Tendo
sido bem-sucedido no objetivo de introduzir – por meio da execução de plano de
manejo – o fruto do cacaueiro na cesta de produtos coletada pelos extrativistas
do alto Purus, o projeto contribuiu para fazer do cacau nativo um produto comercial,
privativo da Amazônia, voltado para o atendimento do mercado internacional de
chocolates premium, ou especiais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">São
chocolates fabricados com alto teor de cacau e direcionados a um público de elevado
poder aquisitivo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
exemplo da empresa alemã que à época passou a adquirir o cacau colhido pelos ribeirinhos
de Boca do Acre, esse mercado busca a singularidade da amêndoa amazônica e o seu
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">flavor</i> inconfundível, sui generis, distinto
do sabor da semente oriunda dos monocultivos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
pesquisa originou, entre outros documentos técnicos e acadêmicos, 3
dissertações de mestrado e 34 monografias, além de um livro publicado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mas seu
maior legado certamente diz respeito à trilha desbravada e seguida agora por
outras experiências no apoio à produção de cacau nativo, empreendimento exclusivo
dos pequenos produtores que habitam as florestas adjacentes aos rios amazônicos.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O
contato com os cacaueiros dispersos às margens do Purus trouxe a mata ciliar para
o foco da engenharia florestal da Ufac. Assim, com o fito de oportunizar o estudo
dessa vegetação fundamental para o equilíbrio dos rios, uma nova linha de
pesquisa em extensão foi aberta no curso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Começando
pelo rio Acre e alcançando mais uma vez o alto Purus (desta feita na parte que
corta o território acreano), a pesquisa sobre a mata ciliar repetiu o êxito obtido
com o cacau nativo e também saiu vitoriosa em 2 editais nacionais do CNPq.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">No
âmbito do projeto Ciliar Só-Rio foi efetuado o inventário da mata ciliar do rio
Acre e identificadas, mediante a formulação de um coeficiente (o IVI/Mata
Ciliar – Índice de Valor de Importância), as 20 espécies endêmicas mais
importantes para aquela floresta, que devem ser utilizadas para fins de
restauração dos trechos críticos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Outra
contribuição do projeto foi a definição de uma metodologia destinada ao cálculo
(sob parâmetros técnicos) da largura mínima a ser observada numa determinada localidade
para a faixa de mata ciliar, no intuito de garantir a integridade do rio e o abastecimento
urbano de água. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Essa
largura foi computada para cada uma das 8 cidades cortadas pelo rio Acre e constou
de uma proposta de legislação apresentada e discutida com os vereadores nas
respectivas câmaras municipais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Igualmente
e com a mesma finalidade, o projeto Ciliar Cabeceiras ensejou o desenvolvimento
de pesquisa inédita na mata ciliar do Purus – no trecho que vai da foz do rio
Iaco, em Sena Madureira, até a região da nascente, no município de Santa Rosa,
localizado na fronteira com o Peru. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Esses
estudos forçam o entendimento de que os produtores ribeirinhos devem ser
remunerados pelo serviço de manejar a mata ciliar, a fim de melhorar – em
termos de quantidade e qualidade – a água que corre no leito e abastece as
cidades a jusante de suas propriedades.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Os
dois projetos geraram um significativo acervo de informações, incluindo uma tese
de doutorado, 33 monografias e 2 livros editados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em
2011, entretanto, uma mudança de prioridade imposta pelo governo descontinuou o
financiamento das pesquisas, sendo que a verba orçamentária do CNPq passou a
ser inteiramente aplicada no programa Ciência sem Fronteiras. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Essa
situação perdurou mesmo após o fim desse programa (o qual, aliás, malgrado seus
pífios resultados, ainda carece de exame aprofundado), e a partir de 2019 tanto
o CNPq quanto o próprio Ministério da Ciência e Tecnologia, muito mais por falta
de competência do que outra coisa, submergiram num preocupante processo de letargia
institucional.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">No âmbito
estadual, em face do que prevê a Política de Florestas do Acre, o governo
apoiou a realização das Semanas Florestais, evento que recepcionava os calouros
no início dos semestres letivos – e que tive a satisfação de idealizar e
iniciar quando cheguei à Ufac, bem como de coordenar, juntamente com outros
professores, durante as 10 primeiras edições.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">É
também com satisfação que contabilizo, em meus anos de Ufac e graças ao
imprescindível auxílio de uma incansável equipe, a orientação de 148
monografias.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O
trabalho em pesquisa demanda esforço coletivo e, sob esse aspecto, depende da
sinergia, da contribuição e do entendimento que só uma equipe coesa e duradoura
é capaz de propiciar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Assim,
agradeço imensamente aos professores Luiz Augusto Mesquita de Azevedo e Jairo Salim
Pinheiro de Lima (Unesp), e aos pesquisadores Raul Vargas Torrico e Edivan
Lima, pelos inestimáveis anos de parceria e valiosa colaboração para a formação
dos engenheiros florestais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Alguns
assuntos me assombraram durante minha vida profissional, tornando-se objeto de
estudo e reflexão, mas em nenhum investi tanto tempo, a nenhum me dediquei com
tanto afinco como fiz em relação à pesquisa em torno do desmatamento da
Amazônia e de sua intrínseca conexão com a pecuária extensiva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Desse
modo, praticamente toda a minha produção técnica e acadêmica se volta para uma obsessão:
demonstrar que o boi está na origem da devastação florestal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Os
índices estatísticos são por demais elucidativos e comprovam, primeiro, que o
desmatamento tem motivação econômica; segundo, que em mais de 90% das vezes se
destina à instalação e ampliação de pastos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por
outro lado, e diversamente do agronegócio profissionalizado que tem lugar no Sul
e Sudeste, a pecuária exercida na Amazônia é arcaica e perdulária, apresentando
baixíssima produtividade e disponibilizando, para o consumo de cada vaca, 2
hectares de pasto – ou seja, 2 hectares de floresta que foram desmatados e
cultivados com capim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
despeito de seu embasamento, todavia, a batalha que travo contra a pecuária na
condição de principal responsável pela destruição da floresta tem sido um tanto
solitária, e poucos me acompanham em minha obstinada jornada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Do
mesmo jeito que estou entre os poucos que apontam a nociva prática do
desmatamento como o maior problema ambiental da região amazônica. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Essa
lamentável qualificação costuma ser atribuída aos empreendimentos de mineração,
incluindo o (superestimado) garimpo do ouro. Não passa de um equívoco, porém. E
a explicação é simples.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Enquanto
os impactos causados pela extração mineral são restritos e localizados, o
desmatamento se processa de maneira alastrada e generalizada, avançando desde as
faixas laterais das rodovias até as margens dos rios. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Resulta
daí o contínuo alargamento das superfícies submetidas ao corte raso e, por
conseguinte, a gradativa conversão da floresta em plantios de capim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Enfim,
não por vontade, mas divergências na interpretação da realidade fizeram surgir
os embates.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por sinal,
um desses embates remete à motivação econômica do desmatamento – premissa que
necessariamente faz concluir que o problema não está no ator social (o “grande”
pecuarista), mas sim na opção produtiva (a pecuária).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">É que
os ambientalistas e setores da academia ligados aos movimentos sociais costumam
deslocar a discussão para o campo da ética, como se a decisão entre desmatar ou
não fosse questão de princípio moral. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Nessa
linha, atribuem toda a responsabilidade pela destruição da floresta ao grande
proprietário de terras, projetado na forma de uma alegoria – a do “poderoso e insensível
pecuarista”, que seria movido por ganância e indiferença quanto à matéria
ambiental.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Sem atentar
para essa generalização descabida, cumpre destacar apenas que conforme evidencia
a robusta base de dados fornecida pelo Inpe não importa se a propriedade é
grande ou pequena, o ponto central é o exercício da pecuária, pois essa atividade
depende do desmatamento para expandir seus pastos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O olho
do furacão está, portanto, na decisão tomada pelo produtor, seja o grande ou o
pequeno, no sentido de investir na criação de boi solto no pasto. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E ele
o faz por razões econômicas, visto que hoje, no setor primário da Amazônia, nenhum
negócio compete com o do boi – considerando regulação, assistência estatal e
tempo de retorno financeiro. Muito menos as iniciativas de natureza florestal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Só quando
o potencial da biodiversidade para a geração de riqueza se tornar uma
possibilidade concreta de auferir renda – ou, em outras palavras, só quando o
mercado florestal for tão atrativo quanto o do boi –, o produtor chegará a optar
por investir na exploração dos serviços e produtos fornecidos pela floresta no lugar
de criar gado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não
há dúvida, a saída está na valoração comercial da biodiversidade florestal.
Esse é o principal antidoto ao desmatamento legalizado – veja bem, o legalizado,
não o ilegal. E eis aqui mais uma divergência. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Acontece
que para o movimento ambientalista só existe, basicamente, desmatamento ilegal (o
que nem de longe é verdade; e se fosse, estaríamos mergulhados, provavelmente,
no obscurantismo do caos institucional). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Dentro
dessa perspectiva, os ativistas defendem como solução para o problema o investimento
em fiscalização. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mais
um equívoco. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">É
fato comprovado que os governos nunca deixaram de assegurar recursos ao aparato
fiscalizatório. Além do que a série histórica do Inpe, que compreende mais de 30
anos de sólidas medições, mostra claramente que a fiscalização, apesar de
infligir onerosos custos à sociedade, não resolve, quando muito produz efeitos de
curto prazo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Significa
dizer que não tem operação fiscal que dê jeito, o produtor sempre volta a desmatar.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por
fim, o mundo espera que o Brasil reduza a zero a devastação anualmente
perpetrada na Amazônia, e os países que aderiram ao Acordo de Paris não querem
saber se a legislação infranacional tolera o corte raso das florestas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">De
sorte que essa distinção entre desmatamento ilegal/legalizado caducou, perdeu a
validade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mudando
de controvérsia e passando a tratar da gestão das universidades federais – tema
em cujo estudo e diagnóstico também empenhei meu tempo e intelecto –, outra
coisa que caducou foi a eleição para reitor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Faltam
indicadores que retratem a rotina administrativa do ensino público superior e,
em especial, a relação custo x benefício das universidades federais – o que
poderia, por sua vez, ajudar a entender a relação entre o perfil dos gestores e
a qualidade dos serviços prestados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Sem
embargo, a experiência adquirida ao longo dos anos demonstra a inadequação do sistema
de eleição para a escolha dos reitores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Bastaria
uma análise do currículo e do desempenho dos que exerceram esse cargo nos
últimos 30 anos para concluir o óbvio – em regra, não têm o perfil de gestor
requerido para a função, e raros são os casos de eleitos que demonstraram ou reconhecida
capacidade de gestão ou excelência em sua respectiva área de atuação, ou ambas.
Afinal, ninguém vota num candidato por esses motivos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">As
poucas informações disponíveis deixam entrever que geralmente se sai melhor no
pleito quem tem mais facilidade para transitar entre os grupos da comunidade
acadêmica e negociar apoio, principalmente entre os funcionários – e a última
coisa que é enfocada é competência para administrar a universidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Quase
sempre hábeis em se comunicar e angariar simpatia, esses candidatos são bons de
voto, mas não se propõem a intervir para melhorar a esquizofrênica rotina
universitária ou a vivência acadêmica, e dificilmente conseguem dissertar sobre
a realidade econômica da cidade, da região ou do ecossistema onde se localiza a
instituição.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Embora
tida como símbolo da autonomia universitária, a verdade é que a votação ocorre sob
boa dose de hipocrisia e – mesmo recebendo a designação de “consulta” – exibe os
mesmos níveis de acirramento, vulgaridade, superficialidade e irrelevância observados
em eleições de sindicatos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ou seja,
um formato indigno da academia, de uma instituição de pesquisa que, pelo menos
em tese, representa a elite científica e intelectual do país. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Diante
dessas idiossincrasias, com o tempo o procedimento foi perdendo o relevo e o significado,
tornando-se anacrônico, e hoje parece ultrapassado até mesmo para o contexto
sindical. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
consequência natural e perceptível é o esvaziamento do pleito, já que tanto
eleitores quanto possíveis concorrentes perdem o interesse e se afastam. Não é
incomum que um grupo qualquer de professores e servidores vinculado ideologicamente
a algum partido passe a monopolizar o processo, logrando eleger seus candidatos
durante um tempo, até ser substituído por outro grupo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Dessa
forma, muitas vezes um único candidato participa da eleição, mas mesmo assim
não obtém representatividade. E para compor a lista tríplice a ser encaminhada
ao MEC, como prevê a legislação, são incluídos dois nomes de professores que
sequer tomaram parte do escrutínio. Uma conduta administrativa que apesar de tolerada
contraria princípios elementares da boa gestão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Enquanto
isso, os entraves de gerenciamento e gestão das universidades federais só se
aprofundam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E mesmo
sendo gratuitas, mesmo fornecendo alimentação, mesmo disponibilizando bolsas
sob amplos critérios, mesmo despendendo mais recursos per capta, as
universidades federais vêm, ano após ano, perdendo matrículas para a rede
particular. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Essa
é a situação da Ufac, que nos últimos anos tem visto reduzir acentuadamente a
quantidade de ingressos em seus cursos enquanto aumentam as admissões em
faculdades particulares como a Uninorte – que, aliás, em 20 anos de
funcionamento superou a universidade federal em número de alunos matriculados. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Finalmente,
não poderia me despedir sem agradecer à Oscip Associação Andiroba, entidade que
recepciona em seu site institucional há mais de 15 anos textos de minha autoria
(este, inclusive) abordando temas de política pública afetos à Amazônia e ao
Acre, além de conteúdos relacionados ao desenvolvimento sustentável e às
implicações do desmatamento e das mudanças climáticas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Com
periodicidade semanal, esses escritos somam cerca de 50 artigos por ano,
inteirando mais de 450 no total, até o momento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Também
contei com o fundamental suporte da Associação Andiroba para a publicação de 18
livros que ajudam a esclarecer o eterno dilema que opõe os ideais do preservacionismo
aos do conservacionismo, e que a Amazônia não consegue superar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Entre
as viagens, leituras e outras aprazíveis atividades de que pretendo me ocupar
agora que estou aposentado, persistirei na peleja em defesa da valoração comercial
da biodiversidade florestal como único caminho para o desmatamento zero na
Amazônia e, no caso do Acre, única porta para o desenvolvimento econômico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ainda
não estou pronto para renunciar à minha obsessão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não
tenho dúvida, por outro lado, que uma economia de baixo carbono, sem petróleo e
sem gado no pasto, deverá prevalecer no futuro do Acre. Tomara que esse futuro chegue
logo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Enfim,
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">depois da Ufac nos encontramos por aqui</span>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 18.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;">*Professor
aposentado da Universidade Federal do Acre.</span><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-font-kerning: 0pt;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-font-kerning: 0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-54349901509401559932022-06-29T06:28:00.000-07:002022-06-29T06:28:00.199-07:00Política Florestal de 2001 garantiu produção de madeira manejada no Acre<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em dezembro de 2021, a Política Florestal do Acre, instituída pela
Lei Estadual 1.426/2001, completou 20 anos – e, desse modo, pode ter encerrado
o seu prazo de vigência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A despeito de nunca ter sido objeto de prioridade por parte dos
gestores públicos e muito menos de ter recebido alguma atenção da imprensa, essa
legislação representou um verdadeiro marco, um divisor de águas no que respeita
à economia florestal do estado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Estudos realizados pelos engenheiros florestais da Ufac no decorrer
do projeto “Política Florestal do Acre 20 anos depois” demonstram os efeitos dessa
diretriz de política pública para fomentar a contribuição da biodiversidade
florestal na geração de riqueza em âmbito estadual.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A análise abrangeu o período de 1990 a 2020, tendo-se embasado, pelo
prisma da economia, nas informações do IBGE acerca da realidade produtiva do estado;
e pelo lado ambiental, nos índices anuais de desmatamento levantados pelo Inpe.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Os resultados não deixam dúvida: sob ambos os aspectos, nota-se
significativa melhora nas estatísticas a partir de 2001, ou seja, depois que a
política foi implementada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Os impactos podem ser observados tanto no sentido do aumento da
participação de produtos da biodiversidade florestal na composição do PIB
estadual quanto na redução, mesmo que temporária, do desmatamento. (Para ler
mais, acesse:</span> <a href="http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=5292&artigos_ano=2022">Associação
Andiroba</a>).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Os números relacionados à produção madeireira são bastante elucidativos,
dando uma boa medida desses impactos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mas, primeiro, cabe um pequeno esclarecimento. É que o mercado trabalha
com 3 tipos de madeira em tora, todos legalizados, todavia, diferenciados entre
si – tanto em termos de classificação quanto de preço, de acordo com sua procedência.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A mais desvalorizada é a madeira do desmatamento. Trata-se das
toras que saem das áreas desmatadas (via processo de licenciamento ambiental) para
o cultivo de pastos/roçados, e que resultam do corte raso da floresta, sendo retiradas
e comercializadas pelo produtor antes da realização da queimada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Depois vem a madeira manejada – isto é, a que provém das áreas exploradas
mediante estrita observância das técnicas de manejo e sob a orientação de
engenheiros florestais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por último, o produto mais valorizado, a madeira certificada. Em
suma, é a mesma madeira fornecida pelas florestas manejadas, mas que foi
submetida a um rigoroso procedimento de verificação de origem, para fins de
obtenção do selo verde outorgado pelo FSC (Conselho Internacional de Manejo
Florestal). (Para ler mais, acesse </span><a href="http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=3958">Associação Andiroba</a><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Nos 10 anos anteriores à vigência da política (entre 1990 e 2000),
a produção de madeira em tora permaneceu na casa dos 25.000 m<sup>3</sup> anuais,
inteirando 236.000 m³ no respectivo período. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Nos 10 anos seguintes (entre 2001 e 2009), saltou para 35.000 m³/ano,
o que totaliza mais de 353.000 m³ em todo o período.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">De outra banda – e contrariando o senso comum, que associa a disponibilidade
de madeira ao aumento da destruição florestal –, pode-se dizer que esse
crescimento ocorreu de forma concomitante com a redução das taxas anuais de
desmatamento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mesmo quando a análise é efetuada em nível mais localizado, no plano
das regionais administrativas, constata-se que a oferta de madeira em tora se
manteve estável e indiferente à dinâmica do desmatamento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em vista da expiração da política de 2001 e da proximidade das
eleições, o momento é oportuno para o debate em torno da instituição de uma nova
política florestal, dita de segunda geração.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Duas conclusões dos pesquisadores precisam ser bem compreendidas, de
modo a subsidiarem essa discussão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em primeiro lugar, a madeira manejada – produzida em conformidade
com os métodos e parâmetros preconizados pela engenharia florestal – representa
mais de 90% da cadeia produtiva. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Significa afirmar que não existe mais, no Acre, oferta de madeira ilegal
– pelo menos em escala estatisticamente relevante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em segundo lugar, a produção madeireira – mesmo levando em conta a
capacidade instalada de uma indústria consolidada, que opera num contexto bem
diverso do vigente nas décadas de 1980 e 1990, caracterizado pelas chamadas serrarias
de ramal – responde muito positivamente ao menor apoio oferecido pela política
pública. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Para a escolha do candidato a governador, vale a pena procurar quem
se disponha a incluir em seu plano de governo uma nova política para a madeira
e os demais produtos da biodiversidade florestal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal (UFRuRJ), mestre
em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).</span><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> <o:p></o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-83986912109331212692022-06-27T06:27:00.001-07:002022-06-27T06:27:06.674-07:00A árvore de seringueira não, mas a borracha do Acre foi extinta<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Classificado
como “ouro branco” no final do século XVII, o látex oriundo da árvore de
seringueira fez surgir o mais importante e duradouro ciclo econômico da
Amazônia – que proporcionou à região uma riqueza jamais<span style="color: red;">
</span>igualada por nenhum outro produto do setor primário.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Basta
dizer que as receitas geradas no período superam em muito os ganhos decorrentes
da exportação das drogas do sertão, do cacau nativo e mesmo das espécies madeireiras,
incluindo o mogno.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Embora existam
divergências relacionadas às datas de início e termo final, parece ser consenso,
entre os pesquisadores que se dedicam ao tema, que a história econômica da
Amazônia registra, na verdade, dois ciclos da borracha – ou seja, dois
intervalos de tempo distintos, marcados por pico de produção e de exportação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">O mais
longo e profícuo, que perdurou por mais de 30 anos, iniciou-se nos idos de 1880,
quando ocorreram as primeiras remessas (para Boston, EUA), tendo vigorado até
1911. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A partir
daí, os seringais cultivados na Malásia pelos engenheiros florestais ingleses começaram
a dominar o comércio internacional, condenando os seringais nativos a um declínio
fulminante e irremediável.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Posteriormente,
e de maneira excepcional, a convulsão econômica trazida pela eclosão da Segunda
Guerra deu uma sobrevida ao látex extraído da <i>Hevea </i>nativa – que voltou
a abastecer o mundo, retomando assim, por um breve período (de 1940 a 1945), sua
relevância comercial. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Com o fim
da guerra, todavia, a derrocada foi definitiva e a seringa amazônica
desapareceu do mercado mundial.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Dessa
forma, a contar de 1912, os seringais amazônicos entraram em colapso (situação
em que permaneceram até 1939 e para a qual retornaram após 1945), impondo à região
uma perdurável letargia econômica e legando um excedente de trabalhadores
desocupados e sem perspectivas de recolocação no setor primário.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">No
decorrer dos anos, estados como Pará e Amazonas, mais bem posicionados
estrategicamente (em termos de ligação fluvial ou rodoviária com o Sudeste do país),
conseguiram superar essa letargia, mas em outros a pobreza persistiu e a
economia nunca<span style="color: red;"> </span>chegou nem perto da pujança alcançada
nos tempos áureos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Especificamente
no caso do Acre, até meados da segunda metade do século XX a geração de
empregos e de riqueza continuaria vinculada à decadente extração de borracha –
que, por sua vez, passou a operar sob ganhos bem reduzidos (eis que a exploração
dos seringais nativos importa em custos elevados) e a depender continuamente,
todos os anos, do suporte financeiro de Brasília.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Por mais
que alguns autores batam na tecla do abandono da produção gomífera por parte do
governo federal, não é isso que demonstram as estatísticas e fatos históricos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Acontece que
ao longo das décadas diversos instrumentos de política pública foram instituídos
com a finalidade de possibilitar a transferência de recursos ao estado e dessa
forma manter o cambaleante mercado de borracha nativa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Até a
década de 1970, os repasses eram efetuados por meio dos então vigentes Planos
de Valorização Econômica. Depois, passaram a se dar via Probor - Programa de
Incentivo à Produção de Borracha Natural, que tinha o objetivo de promover a
domesticação e o cultivo comercial da seringueira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">O apoio
fornecido pela política pública perdurou no tempo e ainda hoje se processa por diversos
meios – tais como concessão de subsídios (como o outorgado em 1999) e investimento
na criação e estruturação de reservas extrativistas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Entretanto,
mesmo sob esse significativo e permanente arrimo, a borracha nativa do Acre continua
agonizante e nunca voltará a alcançar<span style="color: red;"> </span>alguma
relevância econômica, muito menos chegará a competir com a cultivada nos seringais
de São Paulo, que desde 1993 batem o próprio recorde anual de produção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Poucos
pesquisadores se atentam para esse aspecto, contudo, durante o ciclo da
borracha, tanto os seringalistas (na condição de patrões) quanto os
seringueiros (na condição de trabalhadores) atuavam no sentido de conservar as
árvores, isto é, reduzindo o risco de exaustão e, por conseguinte, de extinção
da espécie.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A seringueira
do Acre nunca correu risco de supressão ecológica, mas o produto borracha
nativa foi comercialmente extinto, e já não existe para o mercado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal (UFRuRJ), mestre
em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).</span><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> <o:p></o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-69458700129580360332022-05-16T09:28:00.001-07:002022-05-16T09:28:12.031-07:00Madeira é energia limpa em todo o mundo – e na Amazônia também!<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Apresentando
baixo potencial para geração de energia fotovoltaica e menor ainda para energia
eólica, a porção do território nacional coberta pela maior floresta tropical do
mundo possui água e madeira em abundância.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Contudo,
se por um lado não existem dúvidas científicas em relação à viabilidade
econômica e adequação ecológica tanto do aproveitamento da força das águas
quanto da biomassa florestal para a produção de energia elétrica, por outro, nota-se,
arraigado no movimento ambientalista, um profundo preconceito contra o uso dessas
fontes renováveis. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Como
todo preconceito, a rejeição dos ambientalistas à água e à madeira não pode ser
racionalmente explicada – a despeito de contar com o apoio de alguns acadêmicos,
que, por sua vez, costumam pautar a imprensa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">E,
como em geral acontece, o preconceito obedece a certa graduação. De sorte que,
sendo o repúdio às caldeiras maior ainda do que às hidrelétricas, para os
ativistas ambientais o emprego da madeira na geração elétrica é algo abominável,
fora de cogitação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não precisa
ir muito longe para demonstrar o quanto estão equivocados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">É
farta a literatura científica que comprova os benefícios sociais, econômicos e
ecológicos advindos da produção de eletricidade com base na biomassa florestal
– matéria-prima que, ao contrário do óleo diesel (ainda hoje muito usado na
região) é compatível com a realidade amazônica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Seja
no cenário urbanizado das capitais e maiores cidades, seja no contexto dos
pequenos municípios e de localidades isoladas, o potencial presente na Amazônia
para o uso da madeira como fonte de energia renovável configura significativa vantagem
comparativa, sobretudo no que respeita à ascendente economia de baixo carbono.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não
à toa, durante a COP 26, realizada ano passado na Escócia, a ONU tomou as
rédeas da regulação do mercado de carbono em todos os continentes, objetivando
potencializar a utilização de fontes limpas de energia, sendo a madeira uma das
principais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Dessa
forma, e diante do esforço para descarbonizar a economia planetária, onde
houver floresta nativa com disponibilidade de madeira, a queima em caldeiras
para fornecimento de eletricidade será priorizada. Esse é o pensamento vigente
em todo o mundo, em especial depois da celebração do Acordo de Paris.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Com
o agravamento da crise ecológica, o que se percebe é que a humanidade acordou –
e hoje o produto madeira é contemplado sob o mesmo ponto de vista pelo qual se distinguem
as florestas, nativas e cultivadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Simples
de entender. Afinal, cada árvore que é transformada em tora, fatiada em cavacos
e levada ao fogo em caldeiras, para o fim de aquecer a água ali depositada e
gerar eletricidade, retira da atmosfera a mesma quantidade de carbono desprendida
na fumaça.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O
resultado é uma energia produzida com balanço zero na equação de carbono, numa
relação perfeita de equilíbrio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mas não
é só no balanço de carbono que o emprego da madeira como fonte renovável de
energia é estratégico para a Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ocorre
que tanto os procedimentos de derrubada, transporte e beneficiamento da tora,
pelo lado do produtor de energia, quanto, pelo lado do produtor rural, de
preparação da muda, plantio e acompanhamento da árvore são executados de acordo
com as técnicas estipuladas pelo manejo florestal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ora,
não é necessário grande empenho para prognosticar, por efeito da aplicação
dessa tecnologia, o surgimento de significativo número de vagas de emprego compatíveis
com a especialidade de um crescente contingente de técnicos e trabalhadores na região.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Agora,
conjecture-se que dezenas de cidades amazônicas – como é o caso de Marechal Thaumaturgo,
Manoel Urbano, Porto Walter, Santa Rosa do Purus, Jordão, situadas no interior
do Acre – façam a transição da geração a óleo diesel para a geração por biomassa
florestal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Conjecture-se
ainda que centenas de empreendimentos madeireiros – mesmo pequenas serrarias – podem
adquirir caldeiras, produzir eletricidade e vender a energia gerada para todo o
país, por meio do SIM (Sistema Interligado Nacional). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Conjecture-se,
por fim, o impacto positivo dessa produção sobre a realidade de lugares longínquos,
que, a exemplo do Acre, se assentam na periferia da economia brasileira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Fácil
concluir que pouco importa a resistência dos ambientalistas. Dada sua
disponibilidade, a madeira se converterá num tentador diferencial de mercado no
âmbito do setor de geração de energia elétrica na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Moral
da história: como demonstra a experiência humana, o preconceito subsiste apenas
no obscurantismo, desaparecendo com a claridade que a ciência traz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal (UFRuRJ), mestre
em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).</span><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> <o:p></o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-47656946957243789782022-05-11T06:53:00.003-07:002022-05-11T06:53:45.432-07:00Água e madeira no futuro da energia elétrica na Amazônia<p> </p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-language: AR-SA;">* Ecio Rodrigues<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; tab-stops: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não
se deve confundir <i style="mso-bidi-font-style: normal;">matriz energética</i> com
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">matriz elétrica</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; tab-stops: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
primeira se refere à oferta total de energia – da lenha queimada em fornos ao
combustível consumido para o transporte de cargas e pessoas. Quanto à segunda,
diz respeito especificamente a geração de energia elétrica. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; tab-stops: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em
ambos os casos, contudo, o Brasil está muito bem na foto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Graças
às águas abundantes nos rios brasileiros, em especial nos leitos amazônicos, quase
50% da matriz energética do país é gerada por fontes renováveis. Trata-se de
uma marca alcançada por poucos – um grupo muito seleto de nações que ostenta os
menores níveis de dependência em relação ao petróleo, e que pode se vangloriar
por isso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Enquanto,
em 2021, a participação das fontes renováveis na produção mundial de energia foi
de apenas 13,9%, no Brasil, diante da oferta proveniente das hidrelétricas e da
importante contribuição trazida pelo etanol e pela biomassa florestal, essa participação
chegou a 48,6%.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Esses
dados, ressalte-se – fornecidos pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), estatal
vinculada ao Ministério das Minas e Energia –, não incluem as taxas de geração
por fonte nuclear, que são limitadas e tendem a se restringir ainda mais, já
que Alemanha e outros países da Europa e da Ásia planejam desligar suas
respectivas usinas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">De
outra banda, e ainda segundo a EPE, nada menos que 65,2% da eletricidade aqui produzida
se origina da força das águas. Outros 9,1%, por seu turno, provêm da queima de
biomassa; 8,8% resultam da ação dos ventos e 1,7%, do aproveitamento da luz
solar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">No
total – e por conta, sobretudo, das 158 hidrelétricas em operação no país –, as
fontes renováveis respondem por mais de 80% da matriz elétrica brasileira, proporção
muito superior aos 30% apurados em face da matriz mundial. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por
óbvio, e considerando ademais os compromissos assumidos pelo Brasil perante o
Acordo de Paris, a previsão é que essa proporção se amplie significativamente até
2030.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Afinal,
em vista da transição que está em curso na indústria automobilística, do motor
a combustão para o elétrico (saiba mais aqui: </span><a href="http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=3758"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=3758</span></a>)<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">, é necessário aumentar
a participação da matriz elétrica na matriz energética nacional, de modo a possibilitar
a assimilação da demanda trazida pela chegada dos novos veículos movidos a eletricidade
– primeiro os de passeio, depois os utilitários e, por fim, os caminhões de
carga pesada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Muito
embora já existam no Brasil, como dito, mais de 150 hidrelétricas em
funcionamento (contando apenas as de médio e grande porte), gerando energia
limpa e posicionando o Brasil como referência<span style="color: red;"> </span>mundial
no assunto, parte expressiva do movimento ambientalista ainda se opõe à instalação
desses empreendimentos, principalmente quando o rio a ser represado se situa na
Amazônia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A absurda
gritaria em torno da construção das usinas de Belo Monte, no Pará, e de Jirau e
Santo Antônio, em Rondônia, e que trouxe relevante aumento nos custos, causando
prejuízos irreparáveis ao país, dá uma medida das dificuldades enfrentadas todas
as vezes que uma hidrelétrica começa a ser levantada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
despeito de contar com o inexplicável apoio de meia dúzia de acadêmicos, a
resistência dos ativistas, longe de se justificar, contraria a ciência – e o
bom senso! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ocorre
que, além de configurarem alternativa sustentável para a geração de energia, adequando-se
à rede fluvial, as hidrelétricas, juntamente com as caldeiras alimentadas por
biomassa florestal (madeira), se traduzem em opção econômica prioritária para a
Amazônia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A geração
de energia elétrica renovável, que representa um ativo excepcional, pode ser a
saída para tirar a região da persistente estagnação econômica decorrente da
criação extensiva de boi. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Todavia,
e ao contrário do que muita gente pensa, o que existe em fartura na Amazônia
não é o vento e a luz do sol, mas sim, água e madeira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal (UFRuRJ), mestre
em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-43948943120764892022-04-24T19:06:00.003-07:002022-04-24T19:06:48.358-07:00Fiscalização é solução paliativa para desmatamento na Amazônia<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">De
uma análise ligeira constatam-se 3 pontos de inflexão na curva do desmatamento
da Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Os
dois primeiros se referem aos níveis recordes de desmatamento alcançados em 1995
e 2004. O terceiro, por outro lado, marca o ano de 2012, o único (até hoje) em que
a destruição florestal atingiu uma área inferior a 5.000 km<sup>2</sup>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">As
estatísticas demonstram com clareza que a fiscalização ajuda, todavia – e a
despeito de impingir altíssimos custos ao orçamento público, tanto na esfera
federal quanto no âmbito dos 9 estados amazônicos <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>– está longe de ser a saída para zerar o
desmatamento na região.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O
caso do recorde de 1995 é exemplar para entender o efeito da fiscalização. Em
decorrência da intensa ação fiscalizatória levada a cabo no período
pós-recorde, a taxa de desmatamento sofreu queda abrupta em 1996; contudo, já a
partir de 1998 se observa a retomada da tendência de alta.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ou
seja, ainda que as ações de controle produzam efeito imediato, levando o desmatamento
a cair, a tendência de queda não se mantém por muito tempo, por uma razão
simples, a fiscalização intimida e pressiona o produtor, mas não lhe oferece alternativa
de renda.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Sob poucas
variações, esse cenário se repetiu depois do recorde de 2004 e permaneceu até 2012,
quando o desmatamento atingiu o menor nível já aferido. A partir de 2013, teve
início uma retomada lenta, porém persistente, da destruição florestal na
Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A conclusão,
um tanto óbvia, é que só será possível estancar, reduzir e zerar o desmatamento
(o ilegal e o legalizado) mediante a valorização econômica da biodiversidade
florestal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Explicando
melhor. Compete à política pública promover e fomentar um modelo de ocupação
produtiva que leve em conta, na planilha de custos dos empreendimentos, as
externalidades sociais e ambientais decorrentes da destruição florestal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
teoria econômica disponibiliza mecanismos direcionados a minimizar os efeitos
das externalidades geradas pelas atividades produtivas – em especial, no caso
da Amazônia, a criação extensiva de boi. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Tais
mecanismos podem ser classificados em dois grandes grupos: comando/controle e
poluidor/pagador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">São
inerentes ao comando/controle (até agora priorizado pela política pública, mas,
como dito, sob resultados questionáveis) as ações relacionadas à fiscalização e
ao exercício do poder de polícia, como autuação e cominação de multa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Diferentemente,
o princípio do poluidor/pagador se volta para impor ao empreendedor os custos associados
aos impactos sociais e ambientais causados pelo seu empreendimento. Em resumo, os
instrumentos baseados nesse princípio se destinam a taxar as atividades poluidoras
e premiar as atividades limpas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O
cardápio disponível para o gestor público é variado e extenso, e inclui desde a
oferta de crédito mais barato às iniciativas que contribuem para a
sustentabilidade até a taxação das atividades predatórias – o desmatamento
legalizado, por exemplo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">No princípio
do poluidor/pagador se insere o instrumento denominado Pagamento por Serviços
Ambientais, ou PSA, que garante ao produtor uma remuneração pela oferta de
serviços ambientais, em especial os relacionados à qualidade da água, do ar, e
à conservação da biodiversidade florestal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Nesse
sistema, portanto, o produtor tem a opção de, ao invés de desmatar, ganhar
dinheiro com o manejo da área de floresta presente em sua propriedade, a fim de
retirar carbono da atmosfera e contribuir para a melhoria da qualidade do ar e,
claro, para a sustentabilidade do planeta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Se,
eventualmente, a área de floresta conservada corresponder à mata ciliar, o
manejo será orientado para melhorar a qualidade da água fornecida à população urbana
localizada a jusante da propriedade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Para
o funcionamento do sistema PSA é necessário estabelecer um fluxo contínuo e
permanente de recursos, de forma a possibilitar que o dinheiro desembolsado
pelo comprador do crédito de carbono, depois de passar por uma instituição de
validação da transação, venha a ser depositado na conta do produtor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Esse
fluxo, contudo, jamais chegou a ser viabilizado. É provável que a saída esteja
na comercialização dos créditos nas bolsas de valores, como preconiza o modelo
adotado pelos países que já ingressaram no mercado de carbono. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Um
passo significativo foi dado durante a COP 26, realizada ano passado na
Escócia, ocasião em que foi reforçada a importância do mercado de carbono em
relação às metas assumidas no Acordo de Paris.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não apenas
o PSA, mas também outros instrumentos conexos ao princípio do poluidor/pagador
podem ser introduzidos na região, com o objetivo precípuo e urgente de superar
as fragilidades do modelo baseado na fiscalização. Este, sim, exibe gargalos
comprovadamente intransponíveis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Afinal,
mesmo depois de 40 anos de fiscalização, autuação e imposição de multas, o
desmatamento na Amazônia se mostrou mais persistente que os governos, todos
eles.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal (UFRuRJ), mestre
em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).</span><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-1440180196641803312022-04-22T12:35:00.003-07:002022-04-22T12:35:51.033-07:00Incêndios, queimadas e o seguro de florestas na Amazônia<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">De forma
geral, todos os anos, no período de seca, quando surge o risco de ocorrência de
incêndios florestais na Amazônia, o clamor e a gritaria costumam ser intensos.
Contudo, as apreensões não se convertem em ações efetivas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Aqui,
importa diferenciar os incêndios florestais das queimadas, eis que muitas vezes
os jornalistas (e mesmo uma parcela dos ativistas ambientais) não fazem essa distinção
e, equivocadamente, abordam os dois perniciosos eventos como se similares
fossem – ou seja, como se correspondessem a duas designações diferentes para a
mesma mazela. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ocorre
que, muito embora o fogo ateado para a limpeza de pastos ou roçados possa sair
do controle e, uma vez favorecido por fatores climáticos, possa alcançar a
floresta, os dois conceitos não se confundem: enquanto a queimada configura prática
agrícola de periodicidade anual amplamente empregada no meio rural, principalmente
para a renovação de pastos, o incêndio florestal atinge as árvores em seu
ambiente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Tendo
em vista que a floresta tropical, por conta de sua umidade, dispõe de natural
proteção contra o fogo, trata-se o incêndio de sinistro raríssimo, mas, quando
acontece, suas consequências são muito trágicas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Resumindo,
queimada não é sinônimo de incêndio florestal. E vice-versa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Todavia,
a confusão entre um e outro atrapalha bastante as discussões e, por
conseguinte, a cobrança por respostas efetivas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Por
sinal, os gestores ambientais se aproveitam desse equívoco para confundir ainda
mais a imprensa e, obviamente, desviar do assunto. A imprensa, por seu turno,
perde um tempo considerável refutando as quase sempre disparatadas declarações
do governo. Enquanto isso, ano após ano os problemas se agravam, sem que se vislumbre
saída nem para as queimadas nem para os incêndios florestais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mas o
tempo urge, é preciso agir. Para chegar a soluções de curto prazo, a política
pública deve se guiar por dois caminhos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O primeiro
aponta para a imposição de medidas destinadas a zerar, já em 2022, as queimadas
na Amazônia, em especial a decretação de abrangente moratória, proibindo o
licenciamento da prática durante todo o período de seca (que vai de maio a
outubro).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">O segundo,
que diz respeito aos incêndios florestais, é bem mais complexo, pois parte do
leite já foi derramado. Isto é, de acordo com as evidências científicas, o
desmatamento na Amazônia (que é perpetrado, sobretudo, para fins de instalação
de pastos) causou a fragmentação de áreas florestais em porções descontínuas –
o que, no caso de determinadas localidades e sob determinadas circunstâncias,
cria condições propícias à deflagração de incêndios. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Significa
dizer que nessas localidades – algumas das quais, inclusive, como a Reserva
Extrativista Chico Mendes, já foram objeto de projetos de pesquisa – o risco de
a biodiversidade florestal vir a ser consumida pelo fogo é elevado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não
se pode esquecer, afinal, que uma conjugação de fatores como umidade relativa
baixa, longo período sem chuva e queimadas de pasto no entorno resultou na catástrofe
que teve lugar no Acre em 2005, quando mais de 200.000 hectares de florestas arderam
em chamas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em
tal contexto, uma alternativa disponibilizada nos Estados Unidos e na Austrália,
países onde as florestas (nativas e plantadas) estão sujeitas a permanente ameaça
de incêndios, é o seguro rural.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Certamente
o debate em torno da securitização de áreas de floresta nativa da Amazônia é
muito recente, revestindo-se de extrema complexidade – a despeito da
experiência acumulada pelas companhias seguradoras na análise de risco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Não
à toa, essas organizações já desenvolveram metodologias voltadas para quantificar
e precificar o risco de sinistro em relação às florestas plantadas do Sul e
Sudeste do país. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Pois
bem, o desafio é trazer essa experiência para o espaço amazônico, onde a
floresta nativa, por um lado, coexiste com a pecuária extensiva (que emprega a
queimada de forma corriqueira) e, por outro, sofre os efeitos da seca extrema,
causada, por sua vez, pelo desequilíbrio do clima. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Na realidade
da Amazônia, a legislação permite que o produtor faça uso da queimada todos os
anos, mas quando o fogo extrapola o pasto e avança sobre a reserva legal, favorecido
pelas condições climáticas, o que era queimada pode se transformar em incêndio
florestal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Se a
queimada representa uma ação intencional e premeditada de aproveitamento do
fogo, um incêndio florestal adquire proporções de tragédia, causando prejuízos
exorbitantes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A pergunta a ser respondida é de que maneira é
possível determinar, no que respeita ao sinistro incêndio florestal, o risco
decorrente da ação humana, ao desmatar e queimar, e ao mesmo tempo, o decorrente
dos fenômenos El Niño e La Niña.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ao
que se observa, as empresas de seguro ainda resistem em aceitar as calamidades originadas
das alterações climáticas como passíveis de previsibilidade sob algum grau de
certeza. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Sem
embargo, já existe demanda a motivar a aplicação das metodologias de análise de
risco e de elaboração de plano de contingência em face dos incêndios florestais,
o que abre espaço para um novo e importante campo de atuação das seguradoras. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Encerrando,
a criação extensiva de boi, atividade que depende do desmatamento e que se vale
da queimada como procedimento usual, está na origem do risco de ocorrência de incêndios
na floresta amazônica – até mesmo quando praticada pelo pequeno produtor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Romantismo
à parte, a perda econômica resultante de cada hectare de biodiversidade florestal
eventualmente destruído pelo fogo justifica, por óbvio, a discussão sobre a
securitização. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal (UFRuRJ), mestre
em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).</span><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-43996500766575240552022-04-12T18:58:00.002-07:002022-04-12T18:58:39.172-07:00Política Florestal do Acre, 20 anos depois<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em 2001, numa iniciativa que merece elogios, o Acre
se tornou o primeiro estado amazônico a instituir sua própria política
florestal.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Entre outros, dois propósitos primordiais orientavam
a política florestal acreana, introduzida pela Lei Estadual 1.426/2001.
Primeiro, a contenção da tendência de alta para posterior redução dos índices
de destruição florestal; segundo, mas não menos importante, a ampliação da participação
da biodiversidade florestal na geração de riqueza e, por conseguinte, na composição
do PIB estadual.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Depois de 20 anos de execução, e tendo em conta esses
ambiciosos objetivos, surge de pronto a pergunta: foram alcançados? <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Uma equipe de pesquisadores conduzida pelo professor
Luiz Augusto Mesquita de Azevedo, da Ufac (Universidade Federal do Acre), e que
contou com a participação ativa da Unesp de Ilha Solteira, na pessoa do
professor Jairo Salim Pinheiro de Lima, nos últimos 2 anos, empreendeu uma
análise minuciosa – <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mais do que
necessária, diga-se – sobre o período de vigência da política (2001 a 2020).<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Os resultados dessa investigação, que originou 5
monografias aprovadas no curso de Engenharia Florestal da Ufac, além de 4
artigos científicos publicados, permitem concluir que a Política Florestal do
Acre foi uma experiência exitosa.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">As medições levadas a efeito em território estadual
demonstram que entre 1991 e 2000 a média anual do desmatamento foi bem superior
à contabilizada nas duas décadas seguintes.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ainda que a retração do desmatamento tenha sido mais
intensa logo após 2001, enfraquecendo a partir de 2011, a redução da destruição
florestal em relação aos 10 anos prévios à promulgação da norma é uma verdade
estatística. (Para saber mais sobre desmatamento no Acre acessar: </span></span><a href="http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=5177&artigos_ano=2021"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;">Associação Andiroba</span></a><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;">)</span><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Parece certo que um conjunto de variáveis pode influir
na dinâmica do desmatamento. Sem embargo, todos hão de concordar que a reversão
da tendência de alta que vinha se configurando na década anterior e a contração
do desmatamento a partir da entrada em vigor da política florestal não podem
ser mera coincidência.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Resumindo, é inegável que o declínio do desmatamento
foi mais forte na primeira década de implantação da política (2001 a 2010) e
que, depois (2010 a 2020), a destruição florestal recuperou fôlego. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Contudo, é inegável também que durante todo o prazo
de vigência da política, que vai de 2001 a 2020, os níveis de desmatamento são
bem inferiores aos aferidos nos anos precedentes.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mesmo raciocínio vale para a produção oriunda da
biodiversidade florestal. Dos 4 produtos examinados (borracha, açaí, castanha e
madeira em tora), 3 deles tiveram ampliadas sua oferta e participação no PIB estadual
desde que a política florestal foi implementada.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A exceção, como era de se esperar, ficou por conta
da borracha, que é comercializada mediante a conversão do produto em GEB (granulado
escuro brasileiro), ou “pranchão”, no dizer dos extrativistas.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Parece não haver futuro econômico para a borracha originária
dos seringais nativos do Acre e da Amazônia. Mesmo com todo o suporte fornecido
pela política pública – eis que a extração de látex foi beneficiada por generoso
subsídio fiscal durante mais de 10 anos –, os seringais de cultivo em são Paulo
dominam o mercado nacional de pneus desde 1993.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por sua vez, a produção de açaí – seja a procedente
de Feijó (a mais reconhecida pelos acreanos) ou de municípios do vale do rio
Acre – apresentou crescimento anual ininterrupto nas duas décadas em que a política
vigorou, pelo que se pode concluir que recebeu impacto deveras positivo.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Comportamento semelhante foi demonstrado pela
castanha, que obteve ganhos de produção elevados no mesmo intervalo de tempo, bem
superiores aos apurados no período pré-política florestal (até o ano 2000).<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Contrariando a máxima de que a produção de madeira em
tora depende da derrubada de florestas, nos últimos 20 anos a oferta de madeira
se mante estável, com leve flutuação para cima, a despeito da redução havida no
desmatamento.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por sinal, os pesquisadores ficaram intrigados com o
comportamento da oferta de madeira, que, de maneira inexplicável, alcançou a
cifra recorde de 1.064.195 m<sup>3</sup> em 2011, mas decresceu a partir de
então, estabilizando-se num patamar de produção bem inferior, na casa dos
300.000 m<sup>3</sup>.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Todos esses auspiciosos indicadores não deixam
dúvida quanto à existência de demanda social, econômica e ambiental para o
estabelecimento de uma nova política florestal no estado.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Diante da celebração do Acordo de Paris e do
impulso conferido pela ONU ao mercado de carbono, a nova política deverá
priorizar a oferta de serviços ambientais.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No serviço prestado pela biodiversidade florestal, ao
manter o estoque de carbono e contribuir para o abastecimento de água, pode
estar a superação do nocivo ciclo econômico da pecuária extensiva.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas o tempo urge, uma política florestal de segunda
geração precisa ser discutida no Acre, hoje.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;"><o:p> </o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: _Hlk97129862;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;">*Professor Associado da Universidade Federal do Acre,
engenheiro florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR), e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).</span></span><o:p></o:p></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-44163471087594700332022-04-04T11:46:00.003-07:002022-04-04T11:46:23.746-07:00Pesquisas nas florestas do Acre sempre dependeram da Alemanha<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Desde
2019 – quando o governo resolveu, de maneira estúpida e injustificável, atacar
o apoio técnico e financeiro fornecido pela cooperação internacional à floresta
amazônica –, que o dinheiro doado por Noruega e Alemanha ao Fundo Amazônia se
encontra paralisado, sem condições de ser acessado. Diante de tal constatação,
é constrangedor (para dizer o mínimo) o persistente descaso demonstrado pelos senadores
e deputados do Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Entre
os estados amazônicos, o Acre sempre foi um dos mais beneficiados pela
cooperação com a Alemanha – que vem garantindo investimento em pesquisas nas
florestas acreanas há cerca de 40 anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ainda
na década de 1980, os peritos da agência de cooperação alemã, antes conhecida
por GTZ e atualmente, por GIZ, já estavam no cerne das discussões em torno do
que viria a ser denominado, na década seguinte, de Zoneamento Ecológico- Econômico-ZEE,
disponibilizando aos técnicos do governo e das ONGs envolvidos com o tema a
reconhecida experiência e vocação natural germânica em planejamento estatal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mesmo
diante das intermináveis idas e voltas no processo de elaboração do ZEE, os especialistas
da GIZ persistiram no objetivo de realizar o planejamento da ocupação produtiva
na zona rural, na condição de ferramenta crucial para a conservação da floresta,
de forma a combater o desmatamento em território estadual e, ao mesmo tempo,
consolidar a agricultura familiar local.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Os
numerosos estudos levados a cabo – sempre com o apoio dos alemães – para
embasar as decisões na alçada do ZEE começaram a ser finalizados apenas no
final da década de 1990, mas a GIZ seguiu auxiliando tanto na definição técnica
quanto nas deliberações sobre onde e o que produzir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
conversão do ZEE em legislação estadual foi uma adequação brasileira para impor
ao produtor o modelo previsto em cada zona de ocupação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Acreditava-se – não sem certa dose de
ingenuidade – que a força da lei daria efetividade às soluções oferecidas pelo poderoso
instrumento. Assim, o ZEE do Acre foi dado por concluído, quase 15 anos depois
de iniciado, com a promulgação da Lei Estadual 1.904/2007.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Vencida
aquela etapa, os especialistas da GIZ apoiaram, com a costumeira obsessão germânica
por planejamento, a realização do chamado Ordenamento Territorial Local, ou OTL,
destinado a traduzir as macrodiretrizes estabelecidas pelo ZEE para a realidade
observada em escala de ramal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Enquanto
os dois robustos métodos, ZEE e OTL, com o tempo, envelheceram – no cotidiano de
uma produção rural e florestal pouco tecnificada –, a presença dos alemães no
Acre alcançou o nível mais intenso no século XXI, em termos de doação de
recursos financeiros e apoio técnico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A GIZ
se tornou a mais expressiva executora do Programa de Pagamentos por Serviços
Ambientais, conhecido por PSA Carbono, instituído pelo governo estadual com o
propósito de remunerar os produtores que optarem por conservar a floresta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Inserido
no sistema REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), aprovado
pela ONU no âmbito do Acordo de Paris, o PSA Carbono é considerado um dos
mecanismos mais inovadores para zerar o desmatamento legalizado na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
postura das bancadas do Acre no Senado e na Câmara – de silenciar e se omitir ante
as agressões perpetradas pelo governo federal contra a cooperação internacional
e, por conseguinte, em relação à vultosa soma de recursos que permanece inacessível
no Fundo Amazônia – reflete o afastamento dos políticos em relação à realidade da
produção rural do estado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A cooperação
com a Alemanha é tão forte e importante que, entre outros impactos
significativos e positivos no contexto estadual, forçou o governo a recuar da
decisão de extinguir o IMC (Instituto de Mudanças Climáticas do Acre) em 2019. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mas
os parlamentares não se deram conta de nada disso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal UFRuRJ), mestre
em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2825560815233660560.post-45021269227537520402022-03-28T13:48:00.001-07:002022-03-28T13:48:55.957-07:00ICMS ecológico vai ajudar a zerar o desmatamento no Acre<p> <span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt;">* Ecio Rodrigues</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Desde
o final da década de 1990 que o movimento ambientalista no Brasil defende a instituição,
pelos estados, do que se convencionou chamar “ICMS ecológico”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Na
visão dos ativistas trata-se de um instrumento determinante para o
financiamento da política de meio ambiente – em especial no caso de localidades
economicamente frágeis, como o são muitas cidades e alguns estados amazônicos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Explicando
melhor. Estudos dão conta que a imposição de parâmetros de sustentabilidade
ambiental para a distribuição da parcela do ICMS constitucionalmente destinada aos
municípios incentiva as prefeituras a aumentar a proporção de áreas de floresta
nativa presente em suas circunscrições. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Pelo
menos 17 estados já legislaram sobre o ICMS ecológico, reservando parte da verba
constitucional às cidades que cumprirem os requisitos ambientais estipulados,
entre os quais a criação/existência de áreas legalmente protegidas, tais como
unidades de conservação e faixas de mata ciliar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Paraná,
São Paulo e Minas Gerais, inclusive, foram pioneiros na introdução desse
preceito inovador, sendo que ainda na década de 1990 editaram legislação
regulando a matéria (respectivamente: LC Est. 59/1991; Lei Est. 8.510/1993; e Lei
Est. 12.040/1995).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Em
relação à Amazônia, a criação de áreas protegidas configura, sem dúvida,
política pública de combate ao desmatamento – já que, por um lado, amplia a
superfície com cobertura florestal e, por outro, retira porções territoriais do
alcance da pecuária extensiva de boi, freando o processo de crescimento dessa
atividade produtiva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Nesse
contexto, merece destaque a iniciativa do governo do Acre (aprovada pelos deputados),
ao promulgar a </span><a href="http://www.al.ac.leg.br/leis/?p=13640"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Lei Estadual
3.532/2019</span></a><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">,
instituindo o ICMS ecológico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Conforme
prevê o art. 3º, II, dessa norma, o repasse de 2,5% da parcela do ICMS devida aos
municípios se dará de acordo com o cálculo do “Índice de Preservação
Ambiental”, que por sua vez observará os seguintes critérios: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 35.45pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">[...]<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 35.45pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">a) 50% (cinquenta por cento) proporcional à relação
entre a área ocupada por unidades de conservação ambiental no município e a
área geográfica do respectivo município;<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 35.45pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">b) 50% (cinquenta por cento) proporcional à avaliação
obtida no Índice de Efetividade da Gestão Municipal - IEGM por cada município,
nos quesitos relativos ao meio ambiente; <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 35.45pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">[...]<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Aos pouco habituados aos assuntos
tributários, o percentual estabelecido (que será aplicado de maneira gradual, inteirando
2,5% apenas em 2030) pode parecer um tanto irrisório, mas não é. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Acontece
que, muito embora a Constituição Federal obrigue que os estados transfiram aos
municípios 25% do montante apurado com o ICMS, o fato é que no mínimo 75% desse
montante deve ser partilhado de acordo com o critério previsto em lei
infraconstitucional (LC 63/1990) – a saber, a participação proporcional do
município na arrecadação do tributo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: Verdana, "sans-serif"; font-size: 10pt; text-indent: 35.45pt;">Dessa
forma, a legislação estadual só pode definir regras de distribuição para (no
máximo) os 25% restantes.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Enfim,
considerando a débil dinâmica econômica tão característica aos municípios do
interior do estado, certamente os valores correspondentes ao ICMS ecológico têm
peso significativo na composição do orçamento em cidades como Jordão e Santa
Rosa do Purus, que apresentam os menores IDHs do país.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Além
de chamar a atenção para a mazela do desmatamento no Acre, o ICMS ecológico reforça
a economia de baixo carbono, valorizando as áreas florestais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana; mso-fareast-language: EN-US;">*</span><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;">Professor Associado da
Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal (UFRuRJ), mestre em Política
Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 14.15pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Verdana; mso-fareast-font-family: Verdana;"><o:p> </o:p></span></p>Ciliar Só Rio Acrehttp://www.blogger.com/profile/04515321007309762042noreply@blogger.com0