Mais recursos para Unidades
de Conservação da Amazônia
* Ecio Rodrigues
Embora os incrédulos advoguem que o mundo não mudou após a Rio 92
(Conferência da Organização das Nações Unidas, ONU, sobre meio ambiente e
desenvolvimento ocorrida no Rio de Janeiro em 1992), os resultados obtidos mediante
os acordos assinados pelos países demonstram o contrário.
Três convenções foram firmadas pelos mais de 190 países associados à ONU
(ou seja, praticamente o mundo inteiro). A primeira delas, a Convenção da Agenda 21, tendo enfocado
os grandes problemas que afligem as cidades, voltou-se para a universalização
do saneamento, redução e reciclagem do lixo, e criação de florestas urbanas.
Hoje, o acesso ao saneamento é questão de absoluta prioridade, e em quase
todas as cidades do mundo existem programas de consumo consciente e de
destinação adequada do lixo. Da mesma forma, ampliaram-se consideravelmente as
áreas verdes nos centros urbanos.
Em relação à Convenção sobre
Mudança do Clima não foi diferente. Essa convenção originou o Protocolo de Kyoto, acordo que estipulou
a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, adotando como
parâmetro os níveis de emissão medidos em 1992.
No caso dessa convenção, o objetivo era claro, por mais que fosse de
difícil alcance. Os países comprometiam-se a lançar menos fumaça no céu, diminuindo
sua produção industrial e agrícola – totalmente baseada no emprego de matérias-primas
intensivas em carbono. Hoje, a denominada “economia de baixo carbono” difunde-se
mundo afora e poderá, em breve, sobrepor-se ao aproveitamento de jazidas (como a
do petróleo, por exemplo).
A terceira e última convenção assinada pelos países foi a da Diversidade Biológica – CDB, como ficou conhecida. A CDB direcionou-se
para a conservação das espécies animais e vegetais, bem como para a concepção
de tecnologias apropriadas ao uso econômico e sustentável da biodiversidade
presente nos ecossistemas.
O braço executivo das convenções é a denominada Conferência das Partes
(COP), assembleia que se reúne regularmente e que conta com a participação de
delegações oficiais dos respectivos países-membros. No âmbito da CDB, a 11ª
Conferência das Partes (COP 11) encerrou-se em 19 de outubro último, na cidade
de Hyderabad, na Índia, tendo apresentado resultados promissores para a
conservação das espécies e o uso econômico da biodiversidade no planeta.
Os países ricos (exceto, como sempre, os Estados Unidos, que também não
assinaram os acordos originados na COP 10) comprometeram-se a duplicar as suas
doações, considerando-se a média dos valores doados entre 2006 e 2010, para
fins de implantação do Plano Estratégico de Biodiversidade.
Por dobrar as doações entenda-se o aporte de mais de 3 bilhões de euros, destinados
ao cumprimento, até 2020, das metas estabelecidas no plano. Trata-se de um
resultado impressionante, sobretudo diante da crise econômica que ainda atinge
a Europa – o que evidencia a disposição dos países em contornar os efeitos da
crise ecológica mundial.
De concreto, esses recursos serão usados para o estabelecimento de
espaços territoriais para a proteção dos ecossistemas em todo o mundo.
Significa dizer que mais unidades de conservação deverão ser instituídas, em
especial em ecossistemas como os da Amazônia, de forma a garantir-se a proteção
de áreas cobertas por florestas.
No total, 192 países participaram da COP 11. O acordo assinado por essas
nações inclui obrigações como diminuir a pressão da fronteira agropecuária
sobre as florestas e promover instrumentos para a conquista da
sustentabilidade. Melhor ainda, os países adotarão sistemas que possibilitem o
uso econômico da biodiversidade e o pagamento por serviços ecossistêmicos.
O mundo mudou; quanto a isso, não há dúvida.
* Professor da
Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal
e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de
Brasília (UnB).
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