Coletânea “Da
Floresta: 100 artigos” chega às livrarias
* Ecio Rodrigues
Com o sugestivo título
“Da Floresta: 100 artigos”, os autores Ecio Rodrigues e Aurisa Paiva reuniram
em livro uma compilação dos artigos aqui publicados, por eles, no período entre
2013 e 2017.
É a última de uma série
de 3 coletâneas. A primeira, “Do Acre: 100 artigos”, foi publicada em 2009; a
segunda, “Da Amazônia: 100 artigos”, em 2014.
Motivados pelas causas que
defendem há mais de 20 anos, os articulistas optaram por organizar o livro no
que denominaram “Campanhas de Sensibilização”.
São 10 campanhas, cada uma
compreendendo uma quantidade variável de artigos – que, por sua vez, guardam
coerência entre si, ainda que não sejam complementares.
Sem a pretensão de
persuadir ou doutrinar, os textos abordam, sob um ponto de vista muitas vezes
dissonante do senso comum, problemas que rondam o cotidiano de quem vive na
Amazônia.
Não à toa, todas as 10 bandeiras
defendidas na coletânea trazem como pano de fundo uma interface direta com a
realidade e os destinos da região – e com as implicações dessa realidade no
país e no planeta.
Trata-se de problemas que,
embora recorrentes, são amiúde esquecidos pela imprensa – sempre sensacionalista
e despreparada –, e recusados pela classe política, eternamente movida pelo
temor de perder votos.
A temática é velha
conhecida dos leitores que acompanham os artigos semanais. Desmatamento,
queimadas, mata ciliar, fauna amazônica, unidades de conservação, cluster
florestal...
Temática que pode ser sintetizada
numa única palavra: sustentabilidade.
Como diversas vezes já se
defendeu nesse espaço, a sustentabilidade da Amazônia não é opcional, ela deve
ser obstinadamente buscada, e os amazônidas não podemos fugir de nossa
responsabilidade perante o mundo.
Já não há mais tempo para
tergiversações. Por um lado, o aquecimento do planeta é uma verdade científica,
e o desmatamento e as queimadas que ocorrem na Amazônia contribuem com cerca 1/3
do carbono concentrado na atmosfera.
Por outro lado, o uso
econômico das áreas desmatadas encontra limites técnicos agronômicos insuperáveis
– quer dizer, não há futuro para a ocupação
produtiva baseada no desmatamento.
O único caminho, defendido
pelos cientistas e pela imensa maioria da capacidade técnica instalada na
região, está ancorado na exploração econômica da diversidade biológica e, no
curto prazo, na oferta de água e no sequestro de carbono.
Inclusive, no que se
refere à prestação de serviços florestais relacionados aos recursos hídricos e
ao aquecimento do planeta, os países demonstraram concordar com a precificação desses
serviços quando subscreveram o Acordo de Paris.
Contribuir para o debate em
torno dessas questões é o propósito do livro.
Uma coisa é certa. O livro
“Da Floresta: 100 artigos”, sob uma perspectiva que foge do lugar-comum e da
excentricidade que costumam prevalecer quando o assunto é a Amazônia, discute saídas
para a estagnação econômica e crise ecológica que assola a região.
Só por isso vale a leitura.
À venda em Rio Branco na
Livraria Paim, por módicos 25,00 reais.
*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista
em Manejo Florestal e mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do
Paraná, e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.
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