domingo, 23 de outubro de 2011

Ciliar Só-Rio Acre quantifica carbono na mata ciliar do Rio Acre

Encontram-se adiantadas em nível internacional as discussões acerca da remuneração de maciços florestais pelo serviço prestado no que diz respeito à regulação do clima, denominado de serviços ambientais e os conseqüentes créditos de carbono. No Acre, por sua vez, uma política pública fundamentada nos preceitos do desenvolvimento sustentável vem sendo discutida e consolidada, aos poucos diga-se, fazendo do Estado um dos pioneiros no país a instituir dois órgãos públicos para cuidar da política dos serviços ambientais.
O programa Bolsa Verde, instituído pelo governo federal, vai na direção de fomentar um mercado dos serviços ambientais providos pelas florestas. Com caráter ambiental, o programa visa, em primeira instância, a manutenção da biodiversidade existente em determinada porção florestal, por meio de pagamentos ao proprietário dessa área, para que este não venha a causar danos à floresta existente.      
O projeto Ciliar-Só Rio Acre, se antecipou a essas decisões de políticas públicas, na medida em que realizou seus trabalhos pensando nesse futuro cada vez mais próximo. Estudos que possibilitaram, por exemplo, a cubagem de árvores para a quantificação da tonelada de carbono retido pela floresta dentro da mata ciliar da bacia Rio Acre. Dessa maneira, quando a política demandar já estará disponível.
É evidente que existem contestações quanto a essa política que vem amadurecendo em nível mundial, mas, o Brasil como um dos poucos países do mundo que ainda possui extensas áreas florestais, sobretudo de florestas nativas. Deveria ser o primeiro a apoiar esse tipo de iniciativa. Ocorre que o país se sobressai, pois é um dos que receberia maior quantidade de capital estrangeiro, para a manutenção da biodiversidade. Todavia as criticas e os críticos ficam por conta do retrocesso do país para manter um desenvolvimento ancorado nos grandes poluidores.
Criticas essas que não convêm, pois o Brasil em sua legislação atual determina áreas que devem ser de preservação e conservação, ressaltando que não são pequenas áreas sendo essas que poderiam muito bem fazer parte dessa política ambiental.
Um cálculo desprezível não serve com base para nada, mas dá pra se ter uma noção de como esse mercado é promissor. Vejam bem, a bacia do Rio Acre em território acriano ocupa uma área de 27.263 km2, ou seja, 2.726.300 hectares, suponha-se que desse total, 800.000 hectares sejam de Área de Preservação Permanente (APP) e que o mercado estrangeiro está pagando 5 dólares por hectare e por ano, de floresta preservada, o que significa para Mata Ciliar do Rio Acre o equivalente a 4 milhões de dólares por ano. Um valor absurdamente superior ao que a criação de boi em mata ciliar poderá um dia pensar em obter.
Além do fato de que o produtor voltaria para legalidade. Afinal nada melhor que ganhar dinheiro para cumprir a lei, assim fica fácil.
O Ciliar Só-Rio, visa então, esse mercado futuro que no momento é a principal e talvez única alternativa econômica, baseada nos ideais de sustentabilidade, encontrada para mata ciliar que é protegida por lei federal, como APP, ou seja, área onde não se pode realizar atividade produtiva que comprometa a manutenção da floresta. Ora manter a vegetação e ganhar dinheiro com isso, mesmo que seja um valor pequeno como o do Bolsa Verde, vale a pena.


Antonio Talysson
Graduando em Eng. Florestal  

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Livro Ciliar Só Rio Acre

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