Novamente, o Rio Acre assusta a população.
*Alana Chocorosqui Fernandes
Com a falta de água, não da chuva mais de água mesmo, o Rio Acre atingiu nesta semana um nível de vazão muito baixa, não visto a muitos anos, nem mesmo na triste seca de 2005, considerada a mais grave da história recente do rio. Interessante que há alguns meses, março último, a imprensa anunciava as enchentes que deixavam inúmeras pessoas desabrigadas em nosso estado. Noticias bem diferentes, mais um mesmo ator, o Rio Acre.
Apesar de tamanha preocupação com o rio nesses momentos, pouca coisa e feita. Até quando será melhor colocarmos bombas flutuantes que conseguem retirar gotas de água do meio de grãos de areia para a captação de água não comprometer o abastecimento da cidade? Será que esta é a melhor solução?
Ações emergenciais são importantes em crises (de água, como podemos ter se o nível do rio não subir), porém não resolvem os problemas, são meros curativos em um problema gigantesco: Ainda tratamos nosso rio como esgoto e retiramos suas matas ciliares, expondo-o a degradação ambiental. A recuperação das matas ciliares é uma forma de mudar essa realidade, e preciso cuidar melhor deste manancial tal importante no nosso estado.
A degradação da vegetação ao redor da bacia hidrográfica do Rio Acre e feita para a introdução da agricultura, em especial a banana, em muitos dos nossos municípios, sem contar a pecuária, que também é presente. Essas áreas que legalmente deveriam permanecer com floresta natural são suprimidas com a justificativa da subsistência das populações. Tal justificativa comove, de fato, porém a população do Acre não se alimenta somente, também bebe e precisa diariamente de água.
As intervenções em todo o mundo nas florestas e cursos d’água tem aumentado a ocorrência de fenômenos naturais como secas e enchentes, e isso já pode ser percebido pela polução a cada dia, com o sobe e desce das águas do Rio Acre. Enquanto não assumirmos que temos um grande problema e que atitudes minimalistas não resolverão, continuaremos sofrendo as reações do meio ambiente.
Leis podem até reduzir a mata ciliar, governos podem até autorizar o desmatamento de áreas ciliares, prefeitos podem até incentivar plantio nos barrancos do rio, porque somos nós que fazemos as leis e tomamos as decisões. A grande questão é que a natureza não sabe ler, não respeita leis ou e parada por decisões politicas, ela simplesmente age.
*Alana Chocorosqui Fernandes é acadêmica do 10 período do curso de engenharia florestal e bolsista do projeto Ciliar Só Rio Acre.
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