Talheres e
canudos de plástico banidos na Europa
* Ecio Rodrigues
Sob maioria esmagadora, o Parlamento da União
Europeia aprovou, em 24 de outubro último, legislação banindo talheres, canudos
e cotonetes confeccionados em plástico – que a partir de 2021 não poderão ser mais
fabricados, vendidos ou disponibilizados para o consumidor.
A regra vale para 28 países do continente europeu.
Ao votar pelo banimento, os parlamentares levaram
em consideração laudos elaborados por cientistas atestando que o plástico pode
ser substituído com segurança sanitária por papelão e madeira.
A constatação científica põe abaixo o argumento de
que apenas matérias-primas
inorgânicas como o plástico de petróleo poderiam garantir salubridade a esse
tipo de apetrecho.
Também contribuiu para formar a opinião da maioria
a estimativa de que os canudinhos representam 4% da ilha de lixo plástico que
flutua nos oceanos – quer dizer, correspondem a 8 milhões de toneladas de detritos
que irão permanecer no ambiente por mais de 400 anos.
No caso de outros objetos descartáveis que ainda
não dispõem de alternativa para substituição de matéria-prima, como embalagens
de sanduíche e sorvete, a legislação aprovada impõe a redução da
comercialização em 25%; por seu turno, a reciclagem de garrafas de plástico
deverá alcançar 90% do consumo.
A previsão é que ambas as metas sejam atingidas até
2025.
Trata-se, evidentemente, de medida auspiciosa, que,
diante de seu significado e abrangência, tem efeito pedagógico de alcance planetário:
no curto prazo, é certo que será adotada em outros continentes.
Sem embargo, está na recomendação de substituição
do petróleo (matéria-prima não
renovável) por madeira e papelão (matérias-primas renováveis) – ou melhor, de um
produto que ao ser descartado causa perpétua degradação ambiental por outro,
biodegradável, que em poucas semanas é assimilado pelo ambiente – o grande
passo dado em direção à economia de baixo carbono.
Em todo o mundo, florestas são cultivadas para
prover as árvores destinadas à produção de diversas matérias-primas demandadas pela
humanidade.
As principais, madeira e celulose, são amplamente
empregadas na construção civil e no fabrico de papel e mobiliário; contudo novos
usos vêm surgindo – como a confecção de roupas com fibra de celulose e a formulação
de medicamentos com base na lignina presente na madeira.
É provável que a geração de energia elétrica por
meio da queima de biomassa em caldeira, tecnologia desenvolvida no Brasil há
mais de 50 anos, configure a mais importante dessas novas aplicações.
Ainda que ambientalistas ortodoxos, daqueles que
não admitem a presença humana na floresta amazônica, desprezem a ideia de
queimar árvores (mesmo as plantadas com essa finalidade), a energia elétrica obtida
da biomassa de madeira é reconhecida como limpa por todos os países associados
à ONU.
Enfim, o seleto grupo de bens e serviços fornecidos
pelas florestas, cultivadas e nativas, a cada dia se torna mais amplo.
A Amazônia só tem a ganhar.
*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista
em Manejo Florestal e mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do
Paraná, e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.
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