Privatizar
a Petrobras antes do fim do motor a diesel é decisão estratégica
* Ecio Rodrigues
Mesmo para quem desconhece os meandros do mercado
mundial de petróleo, parece não haver dúvida que uma petroleira não pode, ou não
aguenta!, ser gerida por meio de indicação política.
Sem embargo, os 60 anos de existência da Petrobras
demonstram que a indicação política tem sido, por excelência, o procedimento usado
para a escalação dos diretores dessa empresa.
Mas não apenas a Petrobras, essa premissa se aplica
a todas as estatais brasileiras – sendo incontestável a situação precária de
gerenciamento em que foram jogadas, por conta de tal condição.
A solução, obviamente, está na privatização. Caixa
Econômica, Banco da Amazônia, Correios, Eletrobras e, claro, Petrobras devem
ser privatizadas – só assim será possível estancar a sangria de recursos
públicos a que dão causa, inclusive em função dos altíssimos salários e
privilégios conferidos a seus diretores.
No caso da Petrobras, a sabotagem levada a efeito pelos
caminhoneiros fez eclodir o debate acerca da privatização. Duas razões ajudam a
explicar a premência desse debate
A primeira delas é apontada por economistas que se
dedicam ao estudo da formação de preços de bens e serviços. Para eles, preço de
combustíveis não pode – jamais! – ser definido por decreto.
Esses especialistas vão mais além ao demonstrar que,
sendo uma empresa estatal, a Petrobras sofreu aparelhamento e ingerências para
baixar o preço do diesel, contrariando as forças do mercado internacional.
No médio prazo, essa distorção causou os brutais prejuízos
contabilizados no período entre 2003 a 2015, quando os dirigentes foram nomeados
por governos de esquerda.
A segunda razão que torna a Petrobras um caso urgente
de privatização diz respeito ao produto que a transformou numa gigante estatal
– o petróleo.
Toda empresa que atua na indústria do petróleo,
seja de gestão privada ou estatal, é obrigada a tomar decisões estratégicas,
especificamente com relação a dois temas cruciais no atual cenário mundial:
esgotamento de jazidas e crise ecológica decorrente do impacto de combustíveis
fósseis para o aquecimento do planeta.
É verdade, ou um fato: tratando-se de um recurso
não renovável na natureza, o petróleo acabará um dia, e esse dia está cada vez
mais próximo.
Todos os países produtores e consumidores de
petróleo, com maior ou menor determinação, se preparam para o inevitável
esgotamento dessa matéria-prima, esforçando-se na busca de uma alternativa
energética.
É verdade, ou um fato: o uso de petróleo como
combustível vai se reduzir ao mínimo, em função da crise ecológica mundial.
Os 195 países que assinaram o Acordo de Paris em
dezembro de 2015 se empenham para mitigar o aumento da temperatura planetária,
e têm como foco imediato a substituição dos motores de combustão pelos motores
elétricos.
Ou seja, ainda no curto prazo a demanda por gasolina
e diesel em veículos, inclusive caminhões, será reduzida de maneira radical – o
que levará a uma queda drástica no preço desses combustíveis na bomba.
Como o diesel é mais poluente que a gasolina, as indústrias
automobilísticas vêm anunciando, sobretudo na Europa, o encerramento da
produção de veículos com esse combustível. Significa que o motor a diesel está
com os dias contados.
É verdade, ou um fato: a era do motor elétrico já
começou, e o declínio da ultrapassada estatal brasileira do petróleo,
também.
*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista
em Manejo Florestal e mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do
Paraná, e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.
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