sábado, 7 de maio de 2011

Qualidade da água comprometida
                                                                                             Antonio Talysson Santos de Oliveira*  
Água do Rio Acre em Assis Brasil (A) e Porto Acre (B). 
Em meio às acirradas discussões sobre o Código Florestal Brasileiro, em especial, sobre os assuntos relacionados às matas ciliares, a Academia Brasileira de Ciências, ABC, e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, deram contribuições técnico-científicas de elevada importância para o debate. Talvez essa intervenção seja uns dos principais motivos pelo adiamento da votação ocorrido no último dia 04\05.

Dentre os diversos tópicos tocantes a mata ciliar, chama atenção, além das várias funções já atribuídas a essas áreas que são de fundamental importância para a manutenção do equilíbrio hidrológico, há outro fator importante de avaliação: a turbidez da água, esta associada o grau de degradação da mata ciliar com maior ou menor turbidez da água é uma urgência para a pesquisa.

 A turbidez nada mais é do que uma característica física da água, decorrente da presença de substâncias em suspensão, ou seja, sólidos suspensos que precipita vagarosamente ao longo do curso da água. É importante considerar que as águas do Rio Acre, como a maioria dos rios brasileiros, são naturalmente turvas em decorrência da natureza geológica de sua bacia de drenagem, ou seja, a água é barrenta por natureza e em quantidades consideradas altas.

No entanto, essa turbidez pode aumentar de maneira considerável com o desmatamento da mata ciliar, pois o solo exposto junto com as formas de declive do relevo da bacia, sofrendo a ação das chuvas que carreiam componentes dos solos, erodíveis ou agricultados, carreando as pequenas partículas de argila, silte, entre outros para os ambientes aquáticos. Contribuição mais que suficiente para aumentar os índices de turbidez da água.

Diante da gravidade do problema da turbidez o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA estabeleceu um nível máximo de turbidez para cada classe de rio, conforme estabelece a RESOLUÇÃO Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005.

Como é um indicador de qualidade da água, a turbidez em grandes quantidade é prejudicial ao tratamento da água, pois essa pode não alcançar o padrão ideal de consumo assim tendo que ser descartada, para que um novo processo seja iniciado, gerando prejuízos aos cofres públicos e também à população que pode receber uma água de baixa qualidade.

É um problema que ocorre na Bacia do Rio Acre, mais especificamente nos municípios que usam o Rio Acre como fonte de abastecimento d’água. E em Rio Branco o problema é reconhecido pelas autoridades, conforme matéria publicada¹ em 30 de abril de 2011:

O problema que vinha comprometendo o abastecimento era o nível de turbidez da água do rio Acre, que chegou 2.300 PPMs enquanto o aceitável é valor entre 400 e 600 PPMs, atualmente está em cerca de 800 PPMs, se aproximando do normal” e completam ... A turbidez aumenta por alguns fatores, a oscilação do nível do rio Acre é um dos motivos.   

A relação entre a turbidez e a quantidade de água, nível, do rio é evidente, porém, vale ressaltar que isso é um processo natural que ocorre todo ano, na época das cheias. Analisando a situação de alta desses índices fica fácil concluir que é a água das chuvas que escorrem pelos SOLOS EXPOSTOS oriundo da retirada da mata ciliar que carregam consigo as PARTÍCULAS que ficam em SUSPENSÃO na água do rio tornando-a mais turva.

Assim, a oscilação do nível do rio é a parte final de um processo de turvação da água por uma única e gravíssima razão: a retirada da mata ciliar.

(¹)http://www.riobranco.ac.gov.br/v4/index.php?option=com_content&view=article&id=2408:eduardo-vieira-recebe-vereadores-no-saerb&catid=1:noticias&Itemid=68

*Antonio Talysson Santos Oliveira
     Graduando em Eng. Florestal




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Livro Ciliar Só Rio Acre

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