Movimento ecológico
e a crítica ao modelo de desenvolvimento atual
* Ecio Rodrigues
É
inegável a dimensão alcançada pelo movimento ecológico, bem como sua
importância para a sociedade contemporânea. Atualmente, com maior ou menor
força, os ecologistas possuem algum tipo de representação política na maior
parte dos 193 países-membros do sistema ONU.
No
entanto, em função das poucas estatísticas disponíveis e do conteúdo um tanto genérico
das informações existentes, é difícil empreender um estudo mais aprofundado a
respeito da história desse movimento, desde sua origem até o alcance da
amplitude atual.
Argumenta-se
que, por exigir um leque bastante variado e multidisciplinar de análises, os
temas ecológicos costumam ser tratados de forma superficial, o que justifica o
lapso de informações.
Explicando
melhor. É difícil encontrar uma análise histórica sobre o surgimento e a
evolução da preocupação com a ecologia que não compreenda também a evolução do conhecimento
em torno dos assuntos biológicos e bioquímicos, tanto com relação às espécies da
fauna e flora quanto aos ecossistemas.
De
outra banda, todo estudo centrado no movimento ecológico não pode deixar de abranger
– além de suas implicações sociais, políticas e econômicas –, a atuação das ONGs
ambientalistas.
Distanciando-se
do dualismo que sempre distinguiu a disputa entre esquerda e direita, questionando
o industrialismo e o padrão de desenvolvimento imposto pela Revolução
Industrial, os ecologistas abriram nova frente de ativismo – em defesa do meio
ambiente, porém sem o romantismo que em geral guiava os adeptos da vida ao
natural.
Ao suplantar
o espectro de ação dos partidos políticos – circunscrito à rotulação esquerda/centro/direita
–, o movimento ecológico despertou animosidades e desconfianças.
Ocorre
que a causa defendida por esses novos atores, os ecologistas, não se relacionava
diretamente ao sistema político-econômico, mas, sim, ao modelo de
desenvolvimento adotado pela humanidade a partir da Revolução Industrial, com a
invenção da máquina a vapor e a mecanização da produção – e, posteriormente,
com o surgimento da eletricidade e dos combustíveis fósseis, na esteira da
chamada Segunda Revolução Industrial.
Esse
modelo, ancorado na exploração ilimitada de recursos naturais limitados para
atender a um padrão de consumo igualmente ilimitado, estaria fadado ao fracasso
por uma razão bem simples: insustentabilidade ecológica.
Ou
seja, independentemente de questões de cunho ideológico, o movimento
ambientalista apontou um erro de origem no padrão de consumo humano, que deveria
ser corrigido antes que a vida no planeta entrasse em colapso.
O industrialismo
é a base de um desenvolvimento que – tendo se mostrado, especialmente ao longo
do último século, utilitarista de recursos naturais, degradador de ecossistemas
e produtor de dejetos, em quantidade impossível de ser reciclada ou assimilada
pelo meio – condena a humanidade ao extermínio.
Enfim,
os conflitos ecológicos, surgidos quando o homem evoluiu do nomadismo para o sedentarismo
e iniciou a domesticação da natureza, ampliaram-se sobremaneira quando o
industrialismo domesticou o homem na linha de montagem.
Chegar
ao ecodesenvolvimento, como pretende o movimento ecológico mundial, significa evoluir
para alcançar o respeito à resiliência e à resistência do planeta. Eis aí.
*Professor
Associado da Universidade Federal do Acre, engenheiro florestal, especialista
em Manejo Florestal e mestre em Política Florestal pela Universidade Federal do
Paraná, e doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de
Brasília.