sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

EXTENSÃO FLORESTAL PARA REVEGETALIZAÇÃO DA MATA CILIAR DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ACRE

*Alana Chocorosqui Fernandes

Testar a eficiência de um Programa de Extensão Florestal voltado à conscientização de vereadores sobre a importância da restauração florestal do Rio Acre foi o objetivo principal dessa monografia. Com a obtenção de resultados como largura técnica da mata ciliar e lista de espécies de maior IVI - Mata Ciliar para cada município, iniciou-se a divulgação dos resultados através de um inédito Programa de Extensão Florestal, a fim de que os dados gerados pudessem ser utilizados como subsídio na elaboração de políticas públicas pelos parlamentares. Foram usadas as seguintes ferramentas de extensão: banner, folder, marca texto com endereço do blog e slogan do projeto, panfleto com largura da mata ciliar indicada para cada município, livreto com lista de espécies para a restauração florestal em cada município, proposta de Lei Municipal de Mata Ciliar e página eletrônica (blog) do projeto. Essas eram complementadas pela ferramenta mais importante, uma apresentação padrão do projeto, com 40 minutos de duração, em formato de slides apresentada em cada uma das Câmaras. Como resultados principais têm-se que dos oito municípios, apenas Assis Brasil citou estar trabalhando uma lei municipal sobre Mata Ciliar, da mesma forma que somente Rio Branco teve um parlamentar que fez Indicação sobre a proposta de lei, o que, porém, não foi confirmado nas Atas das sessões analisadas. Porto Acre, Senador Guiomar e Xapuri não citaram nenhuma característica avaliada. Brasiléia, Capixaba e Epitaciolândia citaram em suas atas sobre o abastecimento de água. Deste modo foi possível perceber que no período de avaliação definido na metodologia do projeto o Programa de Extensão Florestal não foi eficiente.

 Arnaldo de Melo, Prof. Luis Augusto, Alana Chocorosqui, Prof. Marco Amaro e Prof. Ecio Rodrigues (da esquerda para a direita) em apresentação de monografia sob o titulo Extensão Florestal para Revegetalização da Mata Ciliar do Rio Acre defendida por Alana Chocorosqui no dia 21/12/2011 - Resultado do Projeto Ciliar Só Rio Acre

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Projeto Ciliar Só Rio Acre ganha prêmio

Com a finalização do projeto Ciliar Só Rio Acre agora em dezembro de 2011, é possível olhar para traz e perceber o quanto foi produzido por essa equipe, em especial, sobre mata ciliar na Bacia do Rio Acre.
Com tecnologia inovadora e resultados desafiadores, como uma largura de mata ciliar superior a estabelecida pelo código florestal, o projeto se destaca, ganhando o Prêmio Professor Samuel Benchimol.
Criado em 2004, o referido prêmio e patrocinado por diversas instituições que através da entrega de prêmios, estimula o desenvolvimento de pesquisa e novas tecnologias na Amazônia.

 Família Benchimol convida Projeto Ciliar Só Rio Acre para café da manhã de inauguração de sua loja em Rio Branco.

Categoria ambiental

1o Colocado
Candidato: Ricardo Adaime da Silva
Instituição: Embrapa Amapá
Estado: AP
Titulo do projeto: Controle biológico da mosca-das-frutas na Amazônia

2o Colocado
Candidato: Marco Antônio Amaro
Instituição: Universidade Federal do Acre
Estado: AC
Titulo do projeto: Ciliar Só Rio Acre: Agricultura familiar na Bacia Hidrográfica do Rio Acre.

3o Colocado
Candidato: Danielle Cristina Bulhões Arruda
Instituição: Universidade Federal do Pará
Estado: PA
Titulo do projeto: Estudo do ciclo de vida de espécies de carangueijo na Região Nordeste Paraense, Brasil.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Lua Nova e Mercúrio em 27\11\11. 

Tempo já apresenta os anúncios do inverno amazonense com chuvueiro durante a noite que enche as caixas de água, mas, não enche o igarapé. Estrada encharcada. 

Pequis, castanhas, bacabas, patauás, andirobas, tucumãs e outras frutas caem nas matas. Nos quintais e agroflorestas se colhem carambolas, cupuaçus, bananas, abacaxis, mamão, jambo, e as últimas e deliciosas mangas. Manga rosa as melhores. Quem plantou está vendo crescer com chuvas e sol moderados. Milho, feijão, batatas, macaxeira, jerimum caboclo, jerimum de leite, jerimum japonês, havaiano, holandês e outras qualidades. 

Moradores aproveitam folga dos festivais para avançar organização. Seminário ganha o sábado em discussões sobre o novo Código Florestal brasileiro, apresentado por professores da Universidade Federal do Acre e promotora pública daquele estado. Fórum com mais de 50 pessoas entre jovens e adultos, agricultores, professores, estudantes, Associação de Moradores, Ida Cefluris, Cooperar, Coopermapiá, etc debateram exaustivamente os pontos críticos do documento. 

Sobrevivência com a floresta agrega dimensão espiritual presente nas matas. Reveladas nos hinos e sentida por todos faz parte da harmonia que alimenta toda a biodiversidade. Lembram-se do Pd. Sebastião quando afirma que a floresta é rica. De fora só precisamos o sal. Dinheiro não é a palavra que define sustentabilidade e sim todos os recursos de fauna, de flora, de ar, de cores, de seres divinos, de toda a harmonia revelada em muitos hinários “... Da floresta eu tenho tudo\tudo tudo Deus me dá...”.   

Carta do Mapiá reflete as conclusões aprovando as matas ciliares, 80 por cento de reserva legal, Agroflorestas em áreas degradadas, incentivos em projetos demonstrativos como de agroflorestas, de capacitações diversas com bolsa auxílio. Principalmente que o Poder Público assuma suas responsabilidades. 

Curso de Comunicação Para a Sustentabilidade prossegue com a presença da Ana Carolina, nossa irmã professora da Universidade Federal de Viçosa e membro do Instituto Socioambiental de Viçosa, com o trabalho de desenvolvimento e sensibilização. A terceira de uma série de seis que prevê uma primeira capacitação inspirada no design social da Rede Global de Ecovilas, com a formação de grupo que vai executar o Plano Diretor da Vila. O seguimento prevê ainda a realização do curso completo de Educação para o Desenho de Ecovilas e Comunidades Sustentáveis – Educação Gaia. Tarefa ainda do PDC e do plano de Manejo da Flona. Inclusão formal da Vila no Programa Gaia, ligado à Rede Global de Ecovilas, é bem recebida e nossa comunidade intencional e religiosa agora trabalha no levantamento de recursos para a realização do curso. O Educação Gaia, promovido pela Rede, trará modelo de formação nas dimensões social, ecológica, econômica e espiritual para formadores e multiplicadores com professores especializados na formação de ecovilas em diversos países e situações. Preparação do curso antevê grandes transformações. São os ventos da Nova Dimensão na educação e ampliação do Novo povo, Novo Tempo, Novo Professor. 

Sagitarianos ( e corintianos ) tem Mercúrio no entardecer e sua constelação ao fundo. É o planeta da comunicação trazendo muita felicidade a todos e aos nativos do período. Vinte e Sete tem dia de N S das Graças, Mesa Branca e bolo com luz na Geral. João Guerra e Maria da Paz são aniversariantes. 

Prosseguem trabalhos na Estrela da Mata. Visitantes apreciam a chegada do dia olhando a mata, ouvindo o canto dos passarinhos, cantando hinários, tomando o Santo Daime. Cinco horas da manhã Dona Regina convida todos para cantar animados referindo o grande benefício que as lembranças dos hinos nos trazem durante o dia nos tirando as fadigas , aumentando nossa disposição e alegria. Telma traz bolo e sorvete de jerimum para festejar seu aniversário. Feitio prossegue pelas madrugadas. Envolvimento dos jovens em todos os setores. Moças e mulheres participam na limpeza das folhas, organização das merendas.   

Concentração bem participada tem destaque da Mad. Nonata e Daime da Estrela da Mata. Final do trabalho galera que participou do feitio não faz conta da chuva e desce para a casinha onde a equipe feminina repartiu um bolo e refrigerantes e fazem animação aos feitores até às três da manhã. 

Domingo, dia de Santa Bárbara. Quatro horas da manhã se ouve o rufar do tambor por toda a mata. Gira de Iansã no espaço da Santa Casa. É o branco tomando conta do terreiro, a chegada dos caboclos, e a festa da Umbanda Branca. A gratidão à natureza. 

“Eparrê\ Iansâ do Canindé,\Iansâ do Canindé\ Iansã do Canindé....”. 

A Nave Espacial 

João Paz

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A saída pela floresta
* Ecio Rodrigues

Movidos pela certeza de que somente no dia em que um hectare de floresta for mais valioso, em espécie, do que um hectare de capim, soja ou cana - somente nesse dia, a região amazônica encontrará uma saída para a sua ocupação produtiva, muitos técnicos e pesquisadores têm se empenhado em demonstrar o potencial da biodiversidade da Amazônia para gerar emprego e renda.
Grosso modo, é mais ou menos assim: a floresta é mais valiosa, estrategicamente falando – sobretudo, em termos de país e de mundo -, mas, para o produtor, não tem valor econômico, e por isso o desmatamento segue avançando. Reverter essa máxima exige duas estratégias: (a) ganhar tempo para que a floresta não seja extinta (e aí são necessárias investidas contra a pecuária e os desmatamentos); e (b) desenvolver tecnologias que possibilitem o uso da potencialidade do ecossistema florestal.
Dessa forma, o Manejo Florestal, que tem sido tema de muitas dissertações de mestrado e teses de doutorado, já se encontra, atualmente, bem avançado, em termos de concepção teórica (a despeito do fato de a floresta ainda valer menos que a pecuária).
Certamente que a coletividade já encara com mais discernimento a exploração de madeira realizada sob o manejo florestal, compreendendo melhor a importância dessa tecnologia. O problema é que a defesa da exploração de madeira como opção produtiva embute o enfrentamento de alguns tabus (digamos assim) - como tolerar-se o dobro, ou triplo de caminhões carregados com toras circulando pela cidade, entendendo-se que é o melhor para a floresta, para a economia, e, por conseguinte, para a própria sociedade. Trata-se, não há dúvida, de uma questão espinhosa, de discussão arriscada, que até o momento nenhum governo na Amazônia se dispôs a trazer a público.
O Manejo Florestal Comunitário, por outro lado, como envolve as populações tradicionais, menos favorecidas, costuma angariar mais simpatia social. Seria de se esperar, então – ante as dificuldades eleitorais que impedem o fomento da exploração empresarial -, que o manejo praticado pelas comunidades gozasse de maior estímulo.
Não é o que acontece, porém: a exploração comunitária também pouco progride. E uma das causas é a estrutura de licenciamento ambiental, que não diferencia a exploração realizada pelas comunidades daquela realizada de forma empresarial, exigindo de ambas um rol proibitivo de documentos - a maior parte, aliás, sem qualquer utilidade.
Sem embargo, é provável que no Acre sejam maiores as chances de se encontrar a saída pela floresta. Tendo se tornado referência na área, o estado pode oferecer respostas, no escopo de se consolidar uma economia de base florestal na Amazônia.
O prestígio do Manejo Florestal praticado em esfera local se evidencia diante da grande quantidade de Planos de Manejo certificados com o Selo Verde, emitido pelo Conselho Internacional de Manejo Florestal, o FSC. Guardando as devidas proporções, é possível que, entre os estados da Amazônia, o Acre possua a maior área certificada e o maior número de empreendimentos de manejo credenciados por essa importante instituição - que, no âmbito da certificação florestal, é a mais conceituada no mundo.
A habilitação atribuída pelo FSC, além de cara, é muito difícil de ser obtida. Para alcançá-la, o empreendimento se submete a um conjunto de exigências - mais rigorosas (e mais coerentes) que as regras para o licenciamento ambiental do Manejo Florestal. Por sinal, os produtores que possuem o selo do FSC reivindicam, com justa razão, que, por ocasião do licenciamento do Plano de Manejo, as empresas certificadas tenham direito a um tratamento diferenciado.
A criação de um selo estadual (questão que já teve um início de discussão em 1996, cujos resultados, inclusive, integraram Resolução do Conselho Estadual de Meio ambiente), sendo assim, significaria um avanço. Uma iniciativa nesse sentido seguramente incentivaria a certificação e aprimoraria a prática do Manejo Florestal.
De qualquer forma, o fato é que para se encontrar a saída pela floresta – a única capaz de justificar, perante o mundo, a ocupação produtiva da Amazônia – é necessário, acima de tudo, muita discussão pública, muita conversa com a sociedade.


* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).

Livro Ciliar Só Rio Acre

Livro Ciliar Só Rio Acre