sexta-feira, 26 de abril de 2013



Projeto Ciliar Só Rio Acre e o Prêmio Celso Furtado 

          O Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento Regional tem por objetivo promover a reflexão, do ponto de vista teórico e prático, acerca do desenvolvimento regional no Brasil, discutindo e identificando medidas concretas para a redução das desigualdades de nível de vida entre as regiões brasileiras e a promoção da equidade no acesso a oportunidades de desenvolvimento.
     Também compartilhando dessa visão, o Projeto Ciliar Só Rio Acre participou da premiação no ano de 2012. Apesar de não ter sido agraciado com a premiação (em dinheiro), o projeto Ciliar Só Rio Acre recebeu destaque pela sua participação na composição do livro: Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento Regional Edição 2012: homenagem a Rômulo de Almeida.

Mais uma vez,  comprovamos a natureza inovadora do Projeto Ciliar Só Rio Acre.



O livro completo pode ser visualizado através do link: http://www.centrocelsofurtado.org.br/interna.php?ID_M=718 

terça-feira, 16 de abril de 2013


Rodada de discussão sobre biomassa florestal e energia elétrica na Amazônia
* Ecio Rodrigues
Desde que se iniciaram os debates acerca da construção das hidrelétricas no rio Madeira, os envolvidos com o setor florestal no Acre estudam a possibilidade de esse setor ingressar no influente mercado abrangido pela geração e distribuição de energia elétrica na Amazônia.
Acontece que, num lugar como o Acre – onde, a despeito do calor que faz, não há sol suficiente para a geração de energia solar; tampouco não há vento na quantidade requerida pelos cata-ventos da energia eólica; e, por fim, os rios não possuem vazão e queda altimétrica aceitáveis para a construção de hidrelétricas –, o emprego da biomassa florestal surge com grande potencial para a geração de energia elétrica.
Reforçam essa tese três constatações: o fato de que 86% do território estadual possuem cobertura florestal nativa; a quantidade de solos precariamente aproveitada pela produção pecuária; e, o mais importante, a característica sustentável da produção de energia elétrica por biomassa florestal, decorrente do balanço zero em relação ao carbono depositado na atmosfera.
A idéia é produzir energia elétrica mediante a queima de biomassa florestal em caldeiras. Incluem-se no rol de matérias-primas ou subprodutos denominados de biomassa florestal o pó de serra e as aparas de madeira que derivam em grande quantidade do processo de industrialização da madeira. Esses materiais, até bem pouco tempo, eram queimados a céu aberto – procedimento que, por sinal, levava as empresas a serem invariavelmente autuadas pelos órgãos de fiscalização ambiental.
O descarte dos materiais que eram considerados “resíduos da produção florestal” sempre constituiu um verdadeiro transtorno para as empresas do ramo do processamento da madeira. Mesmo com o reforço das atividades ceramistas, que precisam das aparas de madeira para acender os fornos de secagem de tijolos, as serrarias não conseguiam resolver o problema da destinação de todo o resíduo produzido.
O termo biomassa florestal inclui também outros subprodutos madeireiros que atualmente são desaproveitados. As galhadas das árvores exploradas, por exemplo, que podem possuir mais metros cúbicos de madeira que a própria tora levada para a indústria, são abandonadas nas unidades de produção, o que significa desperdício e baixa produtividade.
Além da madeira, há ainda mais um importante produto florestal que pode ser empregado na queima de biomassa em caldeiras: o ouriço da castanha-do-brasil. A atividade de coleta das amêndoas deixa no interior da floresta uma quantidade expressiva de ouriços que possuem alto poder calorífico, ou seja, são bons para produzir calor.
Uma aritmética fácil permite uma ideia do desperdício. No Acre, as estatísticas oficiais, que não contabilizam nem a castanha consumida pelas famílias no interior da floresta e nos ramais, nem a produção vendida diretamente aos bolivianos pelos rios e igarapés, dão conta de uma produção estimada em 14 mil toneladas de castanha, apenas no ano de 2011.
Não há dúvida, portanto, de que a oferta do produto energia elétrica irá movimentar o setor florestal na região pelos próximos 20 anos – em face, sobretudo, da significativa participação dessa receita na composição do fluxo de caixa das empresas.
Diante disso, um processo permanente de discussão sobre o tema vem sendo organizado por um grupo de acadêmicos em Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre, que pretende avaliar os impactos econômicos, ecológicos e sociais advindos da geração de energia elétrica com o emprego de biomassa florestal.
Por meio da realização de Rodadas de Discussão, pretende-se formular estratégias para a entrada do Acre nesse novo e alvissareiro mercado.

* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Rodada de Discussão Biomassa Florestal e Energia Elétrica na Amazônia 


O curso de Engenharia Florestal discutirá entre os dias 16 e 19 de abril a produção de energia elétrica a partir de biomassa florestal. Estarão reunidos pesquisadores, alunos, professores e setor florestal do Acre para discutir a possibilidade da oferta de energia elétrica, a partir da queima de biomassa florestal em caldeiras.
O evento busca despertar a importancia desse novo produto: energia elétrica, que vai movimentar o setor florestal da região, nos próximos 20 anos, devido sobretudo à significativa participação dessa receita na composição do fluxo de caixa das empresas.



O evento contará com a presença de 4 especialistas no tema, que atuam em outras regiões do país tanto no universo da academia como no mercado da energia elétrica alternativa. 
A ideia é que a partir das discussões, os envolvidos tenham condições de formular estratégias consideradas fundamentais para a entrada do Acre nesse novo e alvissareiro mercado.

Participe você também deste novo passo para o futuro energético do estado!!! 

Mais informações podem ser obtidas no blog do evento: http://rodadabiomassa.blogspot.com.br/

domingo, 7 de abril de 2013


Florestas para energia elétrica
* Ecio Rodrigues
Na Amazônia, a energia elétrica é a mais cara do país, e em estados como o Acre, a tarifa paga pela energia consumida pelas residências e empresas é a mais cara da Amazônia. A razão apontada pelas geradoras para essa diferença de preço era (e continua sendo) o custo de transporte do combustível necessário às termoelétricas movidas a óleo diesel.
A construção das primeiras hidrelétricas na região, na década de 1970, não resolveu o problema. Até bem pouco tempo, não mais que cinco anos, os envolvidos com a produção florestal na Amazônia, sobretudo a produção de madeira, viam-se às voltas com uma oferta de energia elétrica cara e instável para fazer funcionar a serra-fita que iniciaria o processo de produção de artigos em madeira serrada.
A instabilidade na oferta causava quedas constantes de fornecimento. Essas quedas, por sua vez, paralisavam a indústria por longos períodos e traziam risco para as máquinas – que quando queimavam deixavam a indústria parada por tempo indeterminado.
Encontrar uma solução para esses embaraços, atinentes ao alto custo e à instabilidade na oferta de energia elétrica, era prioridade para o empresário do setor florestal, que não queria ficar à mercê da esfera pública.
No final da década de 1990 vieram as necessárias privatizações, e em 2003 foi instituída a legislação que estabeleceu o marco legal do setor elétrico no país. Depois disso, mesmo as mais remotas regiões tiveram acesso ao Sistema Interligado Nacional – SIN, o popular “linhão”. Com a implantação do SIN, um contingente considerável de pessoas e empresas ficou em condições não só de consumir, mas também de gerar energia elétrica para o sistema.
Para o empresário que havia se adiantado na instalação de caldeiras (visando à queima dos resíduos de sua própria produção) surgiu, de imediato, uma nova oportunidade: mediante a queima do pó de serra, das aparas de madeira e de qualquer outro dos denominados subprodutos da produção madeireira, além de gerar a energia necessária para consumo próprio, ele poderia vender energia elétrica para o SIN.
Sem dúvida, trata-se de excelente oportunidade de negócio – que, por sinal, nunca chegou a ser cogitada pelos profissionais que apontam tendências para os segmentos de mercado. O problema é que essa oportunidade de negócio está restrita aos ramos empresariais envolvidos com o beneficiamento da madeira, como as serrarias e as fábricas de compensado.
Ocorre que esses ramos empresariais – mesmo chegando ao limite de sua capacidade de produção de combustíveis para queima – não conseguirão atender à crescente demanda pela geração de energia elétrica para o SIN. Dessa forma, uma oportunidade bem mais ampla de negócio surge no setor florestal: o plantio de florestas para geração de energia elétrica na Amazônia.
Um negócio que, além de lucrativo, pode ser considerado apropriado aos ideais de sustentabilidade – desde que os plantios fiquem restritos às áreas atualmente empregadas na criação de gado pela pecuária extensiva, atividade que é, comprovadamente, a pior alternativa, sob a ótica da sustentabilidade, para a ocupação de terras na Amazônia. Ou seja, não poderá ocorrer, sob nenhum pretexto, a substituição de florestas nativas por florestas plantadas para a produção de energia.
As dúvidas acerca das áreas e espécies florestais a serem usadas nos cultivos precisam ser respondidas com celeridade. Por outro lado, a resistência de setores ambientalistas com relação ao cultivo de espécies do gênero eucaliptus deve ser adequadamente enfrentada.
O futuro é mais que promissor para o setor florestal na Amazônia, que sempre viveu às turras com os ambientalistas. Mudanças profundas virão.
  
* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).

segunda-feira, 1 de abril de 2013


Biomassa florestal para produção de energia elétrica
* Ecio Rodrigues
O crescimento do consumo no país, em especial ante o surgimento da chamada nova classe média, permitiu o aquecimento da produção industrial. Não obstante, a economia como um todo se vê amarrada por uma série de gargalos relacionados à infraestrutura, dos quais se destacam a deficiente logística de transporte de cargas e de pessoas, e a limitada oferta de energia elétrica.
Faltam hidrovias, ferrovias e rodovias para transportar a soja e o ferro produzidos. Da mesma forma, faltam portos e aeroportos para exportar uma produção primária que é responsável por quase 50% do Produto Interno Bruto nacional.
Parece haver uma incapacidade insuperável para ampliar-se a malha logística e, ao mesmo tempo, efetuar-se a manutenção da malha existente. Normas licitatórias impraticáveis associadas a casos de corrupção recorrentes levam a eficiência estatal para o fundo do poço. As regras impedem a eficiência, mas não evitam a corrupção – o que é inusitado, diga-se.
Supondo-se, contudo, que os entraves de logísticas fossem superados e que a economia crescesse a um PIB de 5% ao ano (o mínimo que se espera de um país como o Brasil), o colapso viria da oferta de energia elétrica.
Ocorre que não há capacidade instalada para a geração de energia elétrica, de forma a garantir-se uma ampliação anual da oferta a taxas de 5%.
Significa dizer que há uma demanda elevada e permanente para a geração de energia elétrica por todos meios possíveis. Sendo assim, o país irá pagar (um bom preço, por sinal) por toda a energia elétrica produzida nos próximos 20 anos – seja essa energia gerada por novas hidrelétricas, por termoelétricas à diesel, por parques eólicos, por painéis fotovoltaicos para captação de energia solar. Enfim, seja ou não essa energia oriunda de fontes renováveis, o país irá pagar por ela.
Esse quadro no mercado de produção de energia, ao mesmo tempo em que pode ser vantajoso, também pode ser uma grave ameaça para uma região como a Amazônia. Se por um lado, as tarifas regionais de energia elétrica são as mais caras do país, por outro, constata-se uma perigosa e contumaz ausência de prioridade para o setor elétrico.
Enquanto a construção de hidrelétricas – comprovadamente a fonte de energia com menor impacto ambiental e a mais adequada aos padrões de sustentabilidade – encontra grandes resistências (vide o caso de Belo Monte), outras possibilidades de geração energética não possuem escala suficiente para abastecer a demanda das cidades e das populações amazônicas.
A despeito da oposição de um movimento ambiental que consegue arregimentar muitos aliados, inclusive no interior das universidades e institutos de pesquisas (o que é um grande contracenso), a hidrelétrica ainda é uma saída para as localidades cujos rios apresentam diferenças altimétricas satisfatórias para a geração de energia. Mas, nos casos em que as hidrelétricas não são possíveis, a saída é bem menos evidente.
No Acre, por exemplo, onde não existe a força das águas, onde o vento não sopra na intensidade exigida pelos cataventos, e o sol, por mais calor que faça, não aparece durante todo o ano e na abundância demandada pelos painéis que captam energia solar, resta uma opção: a produção de energia elétrica por meio de biomassa florestal.
Na verdade, qualquer biomassa – seja de origem agrícola, como é o caso da palha de arroz e do bagaço de cana-de-açúcar, produzidos em pequena quantidade no âmbito do estado, seja de origem florestal, como o são o pó de serra, a lasca de madeira e o ouriço de castanha-do-brasil, produzidos em grande quantidade – pode mover caldeiras e gerar energia elétrica na escala desejada.
No Acre, a geração de energia elétrica com biomassa florestal é uma oportunidade única para melhorar-se a dinâmica da frágil economia local. Mas, para que essa oportunidade seja aproveitada, ela precisa ser priorizada.

* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).



                                                                                       

Livro Ciliar Só Rio Acre

Livro Ciliar Só Rio Acre